segunda-feira, 29 de outubro de 2007

...“Segue a "movida Madrileña"


...“Segue a "movida Madrileña"
Também te mata Barcelona

Napoli, Pino, Pi, Paus, Punks

Picassos movem-se por Londres
Bahia, onipresentemente
Rio e belíssimo horizonte”...



Gotas de chuva molhavam a panturrilha nua, os pelos entrepostos formavam figuras abstratas entrelaçadas aos farrapos daquilo que parecia roupa. 


O vento, o frio que ele sentia não era físico tinha  tragédia no ar.


As Costas arqueadas mostravam os ossos como colunas justapostas. 
Ele ria. Gargalhava.
Lampejos de lembranças felizes abordavam a mente cansada e ébria.

– imagens da infância vinham , os sapatos de verniz de duas cores, as meias grossas brancas, suspensas milimetricamente até os joelhos cobriam os hematomas deixados pela bicicleta recém conquistada, depois daquela viagem dos pais; o cabelo e a gomalina emolduravam o rosto redondo e rechonchudo de bolachas de nata, sequilhos frescos e chocolate quente, tão amorosamente preparados pela anja gorda e negra da meninice.


Berros ouvidos ao longe o fizeram voltar ao frio... Sentiu fome, a caneca amassada ainda tinha cheiro de sangue e dente.  

Só uma coisa doía mais que o corpo puído – a saudade de dias de lençóis com cheiro materno, do gosto quente do beijo de boa noite.

As imagens não eram desfocadas. Ouvia gritos e berros cada vez mais próximos, 
o medo salta aos olhos febris
eles se aproximam 
ele via agora 
um barulho seco rompe a madrugada molhada, 
gargalhadas e porretes somam a cor vermelha da calçada.
a dor lancinante.

Já amanheceu.

Nenhuma lágrima reclamou o corpo encontrado sem vida.

Nenhuma nota no tablóide cor de sangue foi visto.

No mármore frio uma etiqueta pendurada mostrava o número da série.

amigo

11.10.07


amigo





anjos_processo.jpg 


…. Todas as palavras foram ditas,


na canção, no hino, na despedida …


muitas esquecidas na lápide,


outras ainda ecoam pelos ouvidos de quem não ouviu …


balbuciadas em noites de encantamento ou acariciadas em dias de temor, perda e consternação …


Sei que muitas ficaram e interagiram, perpetuaram o amor.Fraternal e indecente…


Mas tudo são palavras … e palavras já foram ditas.


O que fazer então?


Dou-te um beijo e um abraço forte e não digo nada.


Apenas o silencio interrompe o quanto a te dizer…


Edson meu amigo do coração FELIZ ANIVERSÁRIO.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Baixo Astral

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..tudo é .. como que deveria ser . Penso tão logo acordo, e digo para a escova que me espera na pedra do banheiro, mais um dia.

O ontem será o hoje.. não ... não pode. Hoje terá novo sabor, a expectativa - (1- Situação de quem espera uma probabilidade ou uma realização em tempo anunciado ou conhecido. 2. Esperança, baseada em supostos direitos, probabilidades ou promessas. 3. Estado de quem espera um bem que se deseja e cuja realização se julga provável.)

- Ai você chega .. lembra? rasga o Antonio Houaiss novinho em folha.,os pedaços se espalham pelo quarto, agora vazio de tanto amor.

Não vejo nada. Ouço alguem dizer lá dos anos 80 "Amanhã será outro dia".  

Caminho para a portão, saio e olho o céu, nuvens carregadas de água, assim como eu, respiro fundo ... acho q vai chover. 

Chupado do Jerico


andrebanner.jpg 


PROJETO MACABÉA INICIA SUAS ATIVIDADES AMANHÃ
October 14, 2007 at 9:27 pm · Tags (marcadores) arte, grupo, projeto, macabea, cultura

Saiu do forno prontinho, no ponto e do gosto da galera, o Projeto Macabéa. O Projeto é uma ação embrionária que nos levará a criação de um portal cultural que reunirá poetas, escritores, artistas plásticos, artesãos, fotógrafos, escultores, etc.

Além disso teremos oficinas, discussões e fóruns, conferências, painéis, responsabilidade social, interação com o leitor, fomento de talentos, lançamentos de obras, difusão das várias vertentes culturais, e muito mais.

No dia 04/10, esse Jerico que vos fala e que nas horas vagas tb. sabe fazer um Projeto (pasmem!), depois de 2 anos de pesquisa e contato com tanta gente antenada, convidou mais 20 pessoas (blogueiros ou não) alinhados com o propósito da coisa cultural e da disseminação da arte pela rodovia Internética A escolha foi feita de forma democrática e usando o critério da diversidade de pensamentos. Essas pessoas serão os membros do COMITÊ GESTOR DO PROJETO MACABÉA.

O convite não foi um prêmio, simplesmente é a “reunião da galera” sintonizada com a filosofia do “pensar é ato” e “sentir é fato”, como já dizia Clarice, a Lispector.

Cada indicado poderia indicar mais 2 pessoas. E assim foi feito. Pessoas de todos os cantos foram agregadas e taí gente: um sucesso!

As inscrições se encerraram no dia 12/10. Imaginei inicialmente que chegaríamos no máximo a 12 pessoas. Mas o mundo da arte sempre é assim: um susto reconfortante e que de repente dá um novo sentido a vida da gente. A adesão foi quase que total!

Colaboradores artistas serão convidados num próximo estágio, e se vc acha que pode participar com a sua arte escreva para andre@ideiadejerico.com.

TENHO ENTÃO A HONRA DE APRESENTAR O GRUPO QUE IRÁ TOCAR O PROJETO MACABÉA:

MACABÉUS E MACABÉAS, SEJAM BEM VINDOS!

PROJETO MACABÉA

Comitê Gestor:
Alan Marques - Anjo Torto
Alex - Cafeína
Alexandre Costa - Fábrica de Histórias
Alê Quites - Namastê
Ana - Mineiras, Uai!
André Oliveira - Idéia de Jerico
Armandóvsk - Colóquios Flácidos
Beca Caleidoscópica - Bocoiolá
Beth Salgueiro - Tudo pode acontecer
Carol Montone - Sob o Céu de Carol
Clóvis Campelo - Blog
Cátia - Rastros Dela
Fal Azevedo - Drops da Fal
João Lenjob - Blog
Karla Jacobina - 2 Dedinhos de Prosa
Lu - Uh, Baby!
Martha Galrão - Maria Mudiaé
Marília - Alvarenga Sempre
Monica Montone - Fina Flor
Mônica Sangalo - Rainha MAB
Prefeito Márcio Dal Rio - Bloganvile
RCésar - Amplo Universo
Renato Silva - Cidade nas Nuvens
Roberto Prado - Nêmesis
Tavinho Paes - Poema Show
Thiago Quintella - Canis Familiares
Viven - Casa da Mãe Joana

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

O calor tá comendo a vontade

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No estupor da andropausa, sinto os fogachos comprimindo os miolos e dissolvendo a vontade de tudo, de agir, de pensar, de trabalhar, de comer o almoço e o moço, desgraçada testosterona.
Sua presença uma sina, sua falta uma doença.
E calor e suor ... e calor.
Resolvi pesquisar sobre a triste não presença daquela que me traz também a insônia.
IHHHHHHHHHi.... fudeu.
A andropausa não dá ondas de calor.


Será  menô...??????????

domingo, 14 de outubro de 2007

Solidão



anjo-1.jpg



Solidão
A manhã desponta, consciência
alucinada pelo ato profícuo do amanhã.
Nada mudou.
O anão que pesava no peito, carbonado agora,
alimenta-se da luz como se fosse o gelo da noite.
Preciso de ar.
Noite e dia completam o ciclo,
Puta que pariu que solidão.
Preciso de ar.
Inalo a dor.
Fumo um cigarro.


sábado, 13 de outubro de 2007

Mentiras



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Mentiras (09/10/07)


A dor é a esperança de ser, de sentir e não ter sido.


Ledo engano ... 


O  que possa ter levado a crer.


Estarei pronto até a metade do fim.



sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Pessoa


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Autopsicografia



O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
                                                    Fernando Pessoa

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Os Ombros Suportam o Mundo


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Carlos Drummond de Andrade



Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.


Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.


Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.