quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Olhos da intolerância

"Enquanto imperar a filosofia de que há uma raça inferior e outra superior o mundo estará permanentemente em guerra. É uma profecia mas todo mundo sabe que isso é verdade"  Bob Marley   


Sobre momentos vivenciados nos meus “cinquentitos” anos de vida, posso dizer :  Inicialmente foram observados com miopia deformada pela imaturidade e pelo falso moralismo católico da cidade mineira em que vivi e que sobrevivo atualmente;
Mais tarde posso afirmar que foram focados por olhar mais amplo proporcionado pela sabedoria da maturidade.
Presenciei proibições de ordem moral-religiosa: Isto é feio, é pecado, é condenável pela sociedade, isso não é coisa de homem.
(Lembro de Nelson Rodrigues que sempre deitou e rolou e fez nossa alegria por apontar as safadezas que foram reprimidas para debaixo do tapete.)
Passei em frente à repressão militar dos anos 70/80, não de maneira ativista militante, ainda era novo e narcotizado pela “moral e cívica”, matéria obrigatória na escola que enfatizava a beleza do nazismo militar brasileiro.
É interessante lembrar que naquela época as salas de aulas eram divididas em salas masculinas e femininas, nunca mistas, era fomentada a educação física, eram proibidas, na grade escolar  matérias que promoviam a sensibilidade artística e literária ou aquelas que faziam os alunos pensarem.
Nesta altura minha sensibilidade artística foi chacinada pela campanha do “tem que ser macho” familiar  e “Tudo contra o “pervertido e o subversivo”da repressão militar.

Enquanto a pátria amada era manchada pelo sangue de jovens sonhadores, e violentada pelas botas e boinas verde-olivas.  Eu..., completamente ignorante aos acontecimentos políticos, tinha que me safar da batalha diária que era viver a infância/adolescência, freqüentar uma escola escancaradamente homofóbica, conviver com colegas de inteligência medíocre, fabricados por valores humanos horríveis, salvo pouquíssimas exceções, e também coexistir com uma família completamente despreparada e alheia a todos os acontecimentos.

E eis que debaixo de salvas delirantes surge a democracia, e o Estado de Direito.

Hoje a situação da intolerância nesta triste cidade do sudeste mineiro, tanto pelos homossexuais quanto racial, sobrevive e é desculpável proporcionalmente ao poder econômico do sujeito; velada em parcela da sociedade ; “sub-aceita” em certas ocasiões, aquelas onde há necessidade profissional de um  gay, mas, os mesmos que aceitam jamais aceitariam um filho ou parente próximo “pretinho ou veadinho”.  

   Não posso deixar de dizer que tudo isso passou a ser divertido para mim e que nem todos cidadãos desta comunidade são representantes desta situação, mas uma grande maioria sim.     

 

 

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Os Maias e EU


 Os Maias apontam 2012 como o fim de um ciclo na Terra. Os maias acreditavam que a nossa Galáxia segue um ciclo imutável, o que pode e deve ser mudado é a consciência da humanidade rumo à evolução. Mas essa transformação só ocorrerá para quem assim o desejar, será algo pessoal.
Os maias não falam em fim do mundo, mas em um processo de transformação em que o espírito ganhará em sua jornada de evolução a esferas mais altas.

A sétima profecia : 
Esta profecia aponta que, entre os anos 1999 e 2012, uma luz emitida do centro da Galáxia sincronizará todos os seres vivos e permitirá que voluntariamente iniciem uma transformação interna que produzirá novas realidades. Os maias mencionam que cada um terá a oportunidade de mudar e quebrar suas limitações, criando uma nova era, em que a comunicação será pelo pensamento. Os limites desaparecerão, uma nova era de luz e transparência terá início e as mentiras desaparecerão.











Alguma verdade existe na profecia maia, isto é óbvio. As mudanças foram algo tatuado na nossa carne a preço de muita dor, acredito que a transformação não se caracteriza apenas pela previsão lida na posição das estrelas, é conquista diária do ser mediante a dor.
Tudo que finda gera reflexão, isso é inerente aos humanos, final do ano de 2011, reflito sobre meu aprendizado, e tenho a consciência, algo mudou e algo foi avivado e outros “algos” sublinhado.
Sinto o gosto amargo no que antes era doce e vice versa. Me encontro perdido, sequer me reconheço quando se trata de quantificar valores materiais ou qualificar o prazer no trabalho que realizo. Fiquei mais duro com a imperfeição dos outros, isso me entristece, a posição contrária ao que “acredito  certa” estampa no meu corpo um grito de guerra.
E nessa gama de mudanças não consigo identificar o que seja crescimento e o que seja retrocesso. Porém algo é fato constatado - minha fome de luz. Neste vai-e-vem cínico da existência é  mais apropriado pensar no tom decepcionante da Divindade Criadora  para com a criatura inacabada cintilando saber.  

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Acabou o tempo das máscaras

Por detrás da Alegria e do Riso, pode haver uma natureza vulgar, dura e insensível. Mas, por detrás do Sofrimento, há sempre Sofrimento. 
Ao contrário do Prazer, a Dor não tem máscara.Oscar Wilde




Acabou o tempo das máscaras, a idade possui um componente sulfúrico, compulsório, que vai dissolvendo-as de maneira definitiva e gradativa.
Na infância iniciamos a coleção, no início com parcimônia, depois com a ajuda dos adultos, geramos várias e as moldamos e adequamos aos momentos vivenciados, lógico,  sempre tirando maior proveito próprio, fomentando o egoísmo.
O que nos difere dos loucos é que eles não conseguem esta façanha.
O êxtase é quando descobrimos que é mais fácil construir máscaras que encararmos a convivência e mostrarmos nossa nudez frente às diversidades de que ela (a convivência) atenta. Assim entramos em um círculo vicioso, um redemoinho de falsas relações, falsas alegrias e até falsos amores, empregos, cargos...
O monstro contido por detrás das máscaras vai aparecendo conforme a mascara vai sendo quebrada. Os velhos, os loucos e as crianças são considerados inadequados para certas ocasiões, onde a máscara é traje obrigatório, o espelho passa ser o pior inimigo de quem usa máscara, pois faz lembrar o que por trás dela existe.
Vivemos a maior parte do nosso medíocre tempo terrestre das aparências e do faz de conta, utilizamos este acessório para nos proteger, para agredir, condenar e para conseguirmos o que mais queremos.

Os maiores preconceitos acontecem quando nós identificamos no outro o  monstro que aguarda por detrás da nossa própria máscara.  
Passamos a vida toda perseguindo a felicidade plena há quem chega à madureza e constata: quando verdadeiramente somos nós mesmos, sem truques, a felicidade vai se apoderando do nosso ser, e aquilo que parecia monstruoso passa ser nosso aliado, a ponte que nos liga a um mundo melhor e também a convivência de pessoas melhores.
Rompemos com tudo que seja artificial no EU. Podemos aqui lembrar casamentos rompidos, sociedades rompidas, famílias rompidas.
A nossa essência é quem nos comanda, seja hoje, amanhã ou qualquer dia ela tornará a única chance de adquirirmos a felicidade nesta vida.   

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

FELIPE

Por favor votem qual selo é o mais simpático para o blog ?

                                                                                 1

                                                                                   2

                                                                                 3

                                         4

domingo, 11 de dezembro de 2011

OLHO GORDO


Seis dicas para lidar com o Olho Gordo
Uma coisa é certa: a nossa felicidade certamente incomoda muita gente e durante toda a vida nos veremos obrigados a lidar com isso, portanto não adiante fugir e nem fingir que não é com você. Aprender a nos portar diante do fato é o melhor que temos a fazer. Veja a seguir algumas dicas que podem nos ajudar muito:

1. Muitas pessoas costumam usar amuletos para evitar as energias negativas.. Embora muitos não acreditem em sua eficiência, na verdade esses objetos são receptores de energias desarmoniosas, abosorvendo-as e neutralizando-as. Mas são de pouca valia caso a pessoa que a porta esteja vibrando no mal ou com baixa auto estima.
2. Deixar a ingenuidade de lado também é muito útil nessas horas. Com um pouco de conhecimento, prática e atenção é possível começar a pressentir as intenções dos outros para não sermos pegos de surpresa. Isso não significa ser malicioso e apenas ver o mal em tudo e todos, mas com um pouco de sensibilidade aprenderemos a nos posicionar de forma correta em cada situação, nos abrindo para quem merece nossa confiança e nos colocando em posição de defesa com relação àqueles que não nos inspiram bons agouros. O segredo é não nos deixar levar pelas aparências e somente pela razão, a intuição também conta muito nesses casos, além de uma observação muito apurada. A partir daí, vamos selecionar nossos amigos, saber a quem confiar nossos segredos e principalmente determinar quem deve ou não frequentar nossa casa. Costumo trabalhar muito esse aspecto nos meus cursos de Bioenergias.

3. Outra boa dica é o uso de visualização criativa e do mentalismo. Imagine-se involto em luz dourada, que o torna invulnerável às investidas do invejoso. Aproveite também para mandar um pouco de luz para ele, afinal a generosidade é uma energia que nos protege. Faça o mesmo com sua casa, animais e objetos de valor. O azul é outra cor muito boa para a proteção: a cor do arcanjo Miguel.
4. Mas, em se tratando de Olho Gordo, o mais importante é a postura da pessoa diante do fato. Seres de vontade fraca, indecisas, medrosas, supersticiosas, que não se julgam merecedoras de felicidade são alvos fáceis para o invejoso. O fortalecimento interior é a melhor arma contra as investidas externas.

5. Outro aspecto importante é a naturalidade. Nada de esconder o carro novo, a promoção merecida e muito menos os seus dons pessoais, nunca use de falsa modéstica, assuma com firmeza e merecimento as suas riquezas. Por outro lado, também não caia no outro extremo, saindo por aí exibindo-se e atiçando a inveja dos outros. Repito: a naturalidade aliada à segurança do senso de merecimento nos protegem da inveja alheia.
6. Nunca olhe para o invejoso com medo ou se sentindo inferior a ele em termos de poder. Lembre-se que quem tem inveja é porque não é feliz e não tem a capacidade de conquistar o que deseja. A sua firmeza é que vai te proteger e o medo só dará forças ao invejoso. Use e abuse do senso de humor. A alegria aliada à presença de espírito (sem agressividade) cortam o padrão vibratório do invejoso, deixando-o sem ação. E não se esqueça: 'Nunca tenha vergonha ou culpa por ser feliz'

Texto de  Profª de Bioenergias Vera Caballero
É jornalista, terapêuta holística,




sábado, 10 de dezembro de 2011

Adeus Zora


Há quatorze anos convivo com a pureza do seu olhar e com a alegria de sua companhia.  
Você veio para mim como um anjo vindo de um mundo de brincadeiras e magia,  nunca faltou com sua fidelidade, esteve sempre presente em todos meus momentos, os felizes e também nas tristezas  , alegrou nossas vidas, nunca me lembro de ver qualquer rancor, mesmo quando eu não a tratei com delicadeza ou displicentemente  ignorei a sua presença.
Não me esqueço de uma época em que eu estava muito mal, deprimido e sozinho, você se aconchegou no meu colo, e olhou em meus olhos transmitindo toda a certeza de amor e companheirismo.
 Me perdoe Zora minha querida,  se não cumpri bem a minha parte no nosso pacto de amigos.
 Me perdoe Zora se não fui fiel  a você o quanto você foi a mim.
Perdoe a minha ignorância frente a sua sabedoria  e a sua maneira sincera de demonstrar  amor e devoção.  
Durma em paz sob as arvores e sonhe com borboletas azuis e passarinhos em um mundo feito de ossos macios, bolachas de água sal, a sua preferida.
 Meu amor por você transcende a nossa diferença animal racional/ irracional.
Tchau e até um outro dia.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

onde vou passar o reveillon?

Perguntaram-me onde vou passar o reveillon.
Para mim significa o final do calendário, data instituída em 46 a.c por Julio Cesar, imperador romano,   o primeiro dia de janeiro como o  inicio do ano novo.
Reveillon é uma derivação do verbo francês “réveiller”, que significa “despertar”.  
Despertar?  Não temos que fazer isso todos os dias?
Há quem dê a data uma conotação mística de esperança em dias melhores, ou a previsão de facções pessimistas que falam em dias amargos, ainda há os que dizem que é a chegada do final dos tempos.
Defini-lo  não está na minha lista de desejos nem de prioridades. 
O vejo como um feriado,(este ano então nem feriado  porque vai cair no domingo)  onde se reúne a família, e não troco a companhia deles (meus familiares) por pseudofestas, onde reúnem pessoas vestidas ou travestidas de roupas brancas, balões, flores e comida cara,  são somente sorrisos e beijos falsos,  é só o cumprimentado virar as costas para a enxurrada de críticas jocosas.
Corruptos, desonestos e malandros são acometidos por uma benevolência e são até capazes de atos caridosos, jogam esmolas em forma de comida aos necessitados ou em forma de abraços aos subordinados.
Acho fogos de artifício um resquício  troglodita, algo parecido a lavas vulcânicas dos primórdios dos tempos, sem contar o cheiro de enxofre que deixa no ar.  
Sobre o champagne, adoro, mas está cada vez mais caro algo que valha a pena ser tomado, ainda fico com minha velha e amiga vodka. Mas isso eu faço todas as sextas-feiras.

Tristeza Materna

Lendo o Estadão.com.br  de 05/12/2011, “Britânica relata como psicose pós-parto a levou a ser internada”- fiquei curioso a respeito do tema, procurei informações em vários textos de psiquiatria e psicologia o, o que levou-me a histórias de certas pacientes em atendimento no CAPS, local onde trabalho.
A literatura médica descreve as manifestações psíquicas mais comuns no pós-parto, como: blues ou tristeza materna, depressão e psicose pós-parto.  A relação e potencial sobreposição entre esses quadros não estão claramente definidas.
A tristeza materna é um transtorno autolimitado, com início nas duas primeiras semanas pós-parto, com incidência de 50 a 80%, sendo considerada fator de risco para depressão no primeiro ano após o parto. Ao contrário, a psicose pós-parto é relativamente rara, com incidência de 0,1 a 0,2%, e ocorre tipicamente dentro das quatro primeiras semanas após o parto, constituindo-se em emergência médica.
É difícil dizer quanto tempo dura a depressão pós-parto. Alguns casos duram uma semana, e outros podem durar meses. Os médicos recomendam tratar a depressão pós-parto desde o princípio. Se não tratar adequadamente pode persistir durante meses e até anos. A depressão pós-parto se trata igualmente a qualquer outra depressão. Trata-se com terapia psicológica e medicação.

Caso 1: TFS, após parto demonstrou superproteção, cuidados excessivos de higiene e apego doentio da filha. Após 2 anos cometeu o infanticídio e tentativa de autoextermínio, TCE sem seqüelas fisicas.
No decorrer dos dez anos do fato a paciente tentou o auto-extermínio por várias vezes e passou por 4 internações psiquiatricas. Diagnosticada pelo CID: 33.1, relata amnésia do assassinato e da tentativa de suicídio. Atualmente a paciente se encontra em tratamento no CAPS e ainda apresenta episódios de depressão importante.

Caso2: JB, apresenta um histórico de casamento aos 15 anos, espancada pelo  marido inclusive na gravidez, separou do marido com 4 filhos, passou a fazer programas. Na segunda união também não foi feliz, o cônjuge drogado, tentou estuprar sua filha de 11 anos, saiu desta união grávida do 5º filho. Voltou a fazer programa, tabagista desde os 14 anos, usou maconha por dois anos.
Na terceira união há 4 anos e  sexta gravidez, passou por muito nervosismo, irritação importante e alucinação, achava que a barriga estava cheia “bicho dos mortos”, após nascimento do bebê, houve piora dos sintomas, persecutoriedade, delírios com teor místico,  tentava puxar a língua da criança, que era o rabo do demônio, idéias delirantes de contaminação, idéias de infanticídio.
Atualmente a paciente esta em tratamento no CAPS, com os sintomas controlados.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Coco Chanel, o Nazismo e o Pretinho Básico

Gabrielle Chanel - ou Coco, "queridinha", nome que adotara quando cantava em cafés entre os anos de 1905 e 1908 - já era bastante conhecida quando, martelando as botas no famoso passo de ganso, as tropas do Führer cruzaram o Arco do Triunfo, em Paris. Os chapéus, o look masculino, as roupas confortáveis e o famoso "pretinho básico", tudo recendendo ao perfume Chanel no 5, lançado em 1922, a tinham consagrado. Mas foi durante a Segunda Guerra que seu papel chamou a atenção dos historiadores. Foi quando a já famosa estilista ligou-se, como tantos franceses, aos alemães. Tal tipo de ligação ao longo dos anos ficou conhecida como "colaboração".
 Mas o mais impressionatnte de tudo foi mesmo a colaboração de artistas e intelectuais - justamente o circuito em que Coco Chanel se movimentava, ela que era amiga de gente como o compositor Igor Stravinsky, o pintor Pablo Picasso e o bailarino Vaslav Nijinski. Com a derrota dos nazistas, Chanel foi capturada e escapou por pouco. Malquista na França, teve de se esconder na Suíça, de onde só 
regressou em 1956. 
A moda mudara e se endeusava o "new look" de Christian Dior. Seu concorrente resolveu feminilizar as mulheres, em oposição ao look masculino de Chanel , contudo, as americanas continuavam apaixonadas por seus "pretinhos básicos". Jacqueline Kennedy usava um tailleur assinado por ela no dia em que John Kennedy foi assassinado.
Coco Chanel, autora de frases inteligentes como:
  • “Moda é arquitectura: é uma questão de proporções.”
  • “Uma mulher possui a idade que merece.”
  • “Quem não gosta de estar consigo mesmo em geral está certo.”
  • “Não há tempo para a monotonia do previsível. Há tempo para o trabalho. E tempo para o amor. Isso nos toma todo o tempo.”
  • “Já que tudo está na nossa cabeça, é melhor a gente não perdê-la.”
  • “Meus amigos, não tenho amigos.”
  • “A lenda é a consagração da celebridade.”
  • “Onde uma mulher deve usar perfume?” – perguntou-me uma moça. ‘Onde ela quiser ser beijada’, eu respondi.”
  • “O luxo precisa ser confortável, senão não é luxo.”

Voltaire sabia das coisas

Um certo poeta russo

Pablo Neruda

A destruição dos seres humanos segundo Gandhi

domingo, 4 de dezembro de 2011

Ciúme



O ciúme é doloroso, é um sentimento que causa dor a ambos, ao que se enciuma e ao que sofre o efeito da ação enciumada do outro. O ciúme é o processo inverso da auto-identificação na relação de união. 

Para C.G. Jung, o “Ciúme é a falta de Amor” , em Freud, no texto Alguns mecanismos neuróticos no ciúme, na paranóia e no homossexualismo, temos uma distinção de três tipos de ciúmes: o competitivo ou normal, o projetado e o delirante. Freud acerca da projeção do ciúme escreve: 

“O ciúme da segunda camada, o ciúme projetado, deriva-se, tanto nos homens quanto nas mulheres, de sua própria infidelidade concreta na vida real ou de impulsos no sentido dela que sucumbiram à repressão. É fato da experiência cotidiana que a fidelidade, especialmente aquele seu grau exigido pelo matrimônio, só se mantém em face de tentações contínuas. Qualquer pessoa que negue essas tentações em si própria sentirá, não obstante, sua pressão tão fortemente que ficará contente em utilizar um mecanismo inconsciente para mitigar sua situação. Pode obter esse alívio - e, na verdade, a absolvição de sua consciência - se projetar seus próprios impulsos à infidelidade no companheiro a quem deve fidelidade”. (FREUD: 1976, p. 271) 
Uma das canções mais bonitas que fazem referência ao Rio São Francisco é, sem dúvida, “O Ciúme” de Caetano Veloso. 
Jairo Luna em Acerca de "o ciúme de Caetano Veloso"(http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=49635&cat=Artigos&vinda=S), analisa o poema de forma estrutural e acadêmica, eu o analiso de outra  forma, despretensiosa, apenas utilizando o instinto e a sensibilidade, sem nenhuma pretensão,  vejo o autor gritar de maneira apaixonada e dolorosa,  no poema, o ciume pelo Rio São Francisco. Rio que nasce em MG, passa pela Bahia (estado natal do autor) e logo depois  tem  que dividi-lo com Pernambuco. (Juazeiro - BA e Petrolina -PE).  
Dorme o sol à flor do Chico, meio-dia

Tudo esbarra embriagado de seu lume
Dorme ponte, Pernambuco, Rio, Bahia
Só vigia um ponto negro: o meu ciúme
O ciúme lançou sua flecha preta

E acertou no meio exato da garganta
Quem nem alegre nem triste nem poeta
Entre Petrolina e Juazeiro canta
Velho Chico vens de Minas
De onde o oculto do mistério se escondeu

Sei que o levas todo em ti, não me ensinas
E eu sou só, eu só, eu só, eu
Juazeiro, nem te lembras dessa tarde
Petrolina, nem chegaste a perceber
Mas, na voz que canta tudo ainda arde
Tudo é perda, tudo quer buscar, cadê
Tanta gente canta, tanta gente cala
Tantas almas esticadas no curtume
Sobre toda estrada, sobre toda sala
Paira, monstruosa, a sombra do ciúme.




amigos

senhores da noite


Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.
Clarice Lispector

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Chegou o cão terapêutico



Era uma manhã fria de julho, pontualmente as 06h45min a auxiliar de serviços gerais do Centro de Atenção Psicossocial-CAPS de Monte Santo de Minas registrava o ponto de entrada, naquele dia ouvia um barulho diferente dos outros dias, era uma mistura de choro e uivo, vistoriou toda área interna e externa da unidade a procura do som. Inusitadamente encontrou um bolo de jornal amassado no meio do canteiro de verduras, e dentro todo embrulhado surgia  um cãozinho de cor preta e amarela, lutando para sobreviver à queda que sofreu ao ser jogado do lado de fora para dentro do alambrado. Imagino que o filhote de vira-lata deveria ter alguns dias de vida, sugava o dedo da funcionaria a procura de leite materno.

Daquele dia o cãozinho foi batizado pelo nome de “Berilo” ninguém sabe o motivo, talvez por ser nome de um metal raro. Os pacientes habituados a freqüência intensiva do CAPS, logo que chegavam encantavam com o novo e frágil hóspede. Deste momento em diante funcionários, profissionais especialistas e pacientes revezavam os cuidados, para salvar o bichinho, ele era alimentado a toda a hora, com uma mistura de leite e água, em um vidro de refrigerante adaptado como mamadeira.

Os primeiros passos cambaleantes e desajeitados do Berilo foram festejados pelo pacientes portadores de transtorno mental do CAPS, a sobrevivência do cãozinho foi uma vitória conquistada por ele próprio e pela ajuda de todos.

Berilo passou a ser apadrinhado e cuidado inclusive final de semana feriados, dias estes que a unidade não é aberta ao público.

Berilo passou a ser chamado de “O cão terapêutico”, devido à união que ocasionou na equipe multiprofissional e aos pacientes que neste momento passaram a ter um incentivo a mais para freqüentarem a unidade de saúde mental.

Berilo atualmente está no CAPS como guardião do prédio durante a noite e como cão terapeuta durante o dia, se sente tão a vontade e amado neste local, que trouxe a namorada (uma vira-lata de rua que atende pelo nome de Lara) para compartilhar com ele a empreitada de serviço diário.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Síndrome de Burnout

A paciente H foi atendida no CAPS com quadro de depressão, stress e idéias de auto-extermínio, baixo autoestima, crise repentina de choro, irritabilidade exacerbada – Hipótese diagnóstica Síndrome de Burnout.


Faxineira, compulsiva com a limpeza do ambiente de trabalho, acha que somente o seu trabalho é perfeito, age com cinismo quando fala dos companheiros de trabalho. Apresenta insônia, ansiedade e relata estar sobrecarregada com responsabilidades familiares, sic (assumo problemas de todos, marido, filhos e mãe idosa, no trabalho só eu faço o serviço que precisa ser feito, deixo um pedaço de papel em lugar estratégico para ver no outro dia se a outra faxineira limpou aquele local, ela nunca limpa).


H tentou furar os olhos com uma tesoura, porém não teve coragem, cortou os próprios cabelos de forma violenta e desarmônica. Sic (queria furar os olhos para não ver ninguém, queria não enxergar mais, para não ter o que fazer mais nada).


O fato querer furar os olhos e cortar o cabelo nos traz a idéia de ela querer mudar seus hábitos, descansar da perfeição autodeterminada, não assumir a posição de administradora familiar nem do excesso de zelo no trabalho.


O termo síndrome de Burnout resultou da junção de burn (queima) e out (exterior), caracterizando um tipo de estresse ocupacional, durante o qual a pessoa consome-se física e emocionalmente, resultando em exaustão e em um comportamento agressivo e irritadiço. “Boa parte dos sintomas também é comum em casos de estresse convencional, mas com o acréscimo da desumanização, que se mostra por atitudes negativas e grosseiras em relação às pessoas atendidas no ambiente profissional e que por vezes se estende também aos colegas, amigos e familiares”


Parte dos pacientes que o procuram atendimento médico com depressão são diagnosticados com a síndrome do esgotamento profissional, um tipo de estresse ocupacional e institucional com predileção para profissionais que mantêm uma relação constante e direta com outras pessoas, principalmente quando esta atividade é considerada de ajuda (profissionais da saúde, professores e outros).


O transtorno está registrado no Grupo V da CID-10.


Sintomas:


O sintoma típico da síndrome de burnout é a sensação de esgotamento físico e emocional que se reflete em atitudes negativas, como ausências no trabalho, agressividade, isolamento, mudanças bruscas de humor, irritabilidade, dificuldade de concentração, lapsos de memória, ansiedade, depressão, pessimismo, baixa autoestima.


Dor de cabeça, enxaqueca, cansaço, sudorese, palpitação, pressão alta, dores musculares, insônia, crises de asma, distúrbios gastrintestinais são manifestações físicas que podem estar associadas à síndrome.


Observação:


No CAPS em um ano foram atendidos três motoristas de ambulância, duas servidoras de serviços gerais, uma Agente Comunitária de Saúde do quadro funcional municipal da área da saúde, e tudo leva a crer que são portadores da síndrome de burnout.


Esta doença é mais comum que imaginamos, infelizmente é de difícil diagnóstico por parte dos Clínicos, que geralmente tratam as conseqüências sem ver necessariamente a causa.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Previdência


Mesmo que ainda sejam mãos
Agradecem.
Mesmo esquecidas
Ainda prontas.
Pelo árduo trabalho, curvas, tortas,
Porém, acolchoadas com a sabedoria dos tempos.
Calos endurecidos pelas memórias ,
Brilham ao som do terço de perolas rotas.
Memórias novas são esquecidas
Guardando o rosto dos ingratos e imaturos governantes.
Feliz deles que não envelhecem nunca.
Apenas esquecem...
Um dia virá o tempo encharcado  de ira
Que em roucas mãos trarão novos moços.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Almas Fraturadas


MJC, 52 anos e KCC 22 anos, mãe e filha, ambas pacientes do CAPS, diagnosticadas como portadoras de esquizofrenia paranóide.


Vivem obsessivamente juntas, desconheço onde começa ou termina uma e a outra, elas são produto de uma argamassa fundida na fantasia, onde os ingredientes são varias personalidades alienadamente construídas sobre castelos, Guerrilhas ou acontecimentos políticos, evoluindo para delírios persecutórios e de grandeza.


Naquele momento em que os agentes da mistura são antagônicos, elas se tornam agressivas uma com a outra, podendo utilizar de violência física, partindo sempre da filha para mãe e nunca o contrário. Nota-se claramente o sentimento maternal de proteção MJC para com KCC em todas as ocasiões.


MJC chega suada e descontrolada para mim – Acabei de perder a Rede Record e estou em vias de perder também a Rede Globo, fui vitima de uma artimanha do meu irmão Luiz Henrique. (personagem fantasioso). Chora compulsivamente. -Ele faz parte do conselho da Escola onde a KCC estuda, (a filha tremendo de medo faz gestos de concordância com a fala da mãe)


- Conseguiu seqüestrar ela e tive que entregar tudo, ele persegue a menina e ela não pode mais voltar a estudar. Pude contatar Che (referindo ao revolucionário argentino Che Guevara), mas, ele nada pode fazer frente à campanha nazista que se instalou por aqui. Aviões já estão sobrevoando a cidade, médicos nazistas se encontram disfarçados neste local.  São mandantes e capangas dos mandantes todas estas pessoas que você esta vendo no pátio.


A chefa dos capangas é aquela senhora (mostra a enfermeira da unidade), ela pensa que não sei. Agora vou por a boca no mundo, vou ate a radio FM e dizer tudo que sei.


Quando aqui vim morar, fui convidada pelo casal (segundo ela, esse casal que manda na cidade) para dirigir esse município, protegê-los dos mandantes e do crime organizado. Tenho um diário que me foi entregue, nele consta a vida de todos, inclusive a sua.


Não quero mais fazer parte desta trama. Vou almoçar tenho fome, comerei menos hoje em memória das vitimas do Japão. Quero limpar o mundo, me sinto sozinha, sozinha.