segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Não façam como eu, seja um monte-santense ausente



Tenho visto uma constante exortação de monte santenses ausentes à terra natal. 
Nada mais digno, um resgate as raízes e aos antepassados, afinal história não se descarta, nem se discute. 
Muitos deles foram  atrás da sobrevivência, sucesso, construir seu patrimônio intelectual/cultural e/ou econômico. 
Alguns, deram certo, outros não. 
Porém, sem desprestigiar ou desmerecer ninguém, afinal cada um "tem sua história", gostaria de exortar hoje àqueles que ficaram em Monte Santo ou foram se preparar profissionalmente e voltaram. 
Se me permitem, coloco a minha experiência neste texto como pleno sabedor da causa. 
Desavisados nos chamam de fracos, por não termos coragem de enfrentar o novo. Eu digo corajosos por desistir do novo que poderia nos ter oferecido oportunidades de crescimento em vários sentidos. Mesmo assim ficamos e optamos por enfrentar a oligarquia monte santense. Cara a cara. Frente a Frente.
Talvez em nome da proteção aos familiares;  por ideal, ou até  ufanismo "montessanteiro"- enaltecidos com as belezas naturais, riquezas e potenciais do lugar fizemos a tentativa de dar o melhor de nós, empregar toda capacidade intelectual conquistada lá fora e emprega-la no romantismo de pertencer a terra natal. Este pertencimento do lugar é que nos fez não pensar em nós mesmos. Este sentimento de desapego ao que é inerente ao futuro promissor individual nos levou a  desapropriação do pertencimento por parte do coletivo oligárquico. 
Visto que, o que rege nesta sociedade e em muitas outras é o que possuímos em bens materiais, o que acumulamos em metal e tijolos, mesmo que seja fruto da corrupção, do abandono de valores solidários, éticos ou legais. 
O fato de uma conduta reta, que com o trabalho digno proporcionou  o bem coletivo passa ser irrelevante e cai ao esquecimento. 
Neste Janeiro próximo completo 53 anos e 31 anos de prestação de serviço a este município, eu fui e voltei na esperança de pertencer a este lugar, Errei. Investi incansavelmente no bem estar dos meus familiares e também àqueles que dependiam do fruto do meu profissionalismo. Pautei minha vivência pelo que sempre entendi como ético, justo e probo. 
Hoje analiso vários deslises e erros, frutos da inexperiência ou até da pressa de querer acertar. 
Posso dizer que a cidade continua linda, suas montanhas e cachoeiras, sua arquitetura. 
Mas, em meu corpo transcende um sentimento de decepção,  abandono e fracasso. 
Fracasso. Palavra que dói muito, quando se fala. Abandono. Palavra que tem um retorno. 
Decepção. Palavra mórbida, por isso estou doente. 
Nunca de arrependimento pois faria de novo. 
Faria diferente mas, faria de novo. 
Porém, não aconselharia ninguém a fazer o que fiz, vão te embora enquanto é tempo.
Sejam monte santenses ausentes. 
Nada paga  um amparo seguro e o fato de não presenciar os desmandos, a incompetência e ver tudo se acabar. 

“Fracassei em tudo o que tentei na vida.
Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. 
Tentei salvar os índios, não consegui. 
Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. 
Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. 
Mas os fracassos são minhas vitórias. 
Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu"
Darcy Ribeiro




domingo, 29 de dezembro de 2013

Bula



Bom Despertar a todos

                               Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velho não. Você acha que eu sou?

     
"Tenho consciência de ser autêntico e procuro superar todos os dias minha própria personalidade,      despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.
  O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade. Procuro semear   otimismo e plantar sementes de paz e justiça. Digo o que penso, com esperança. Penso no que faço com fé. Faço o que devo fazer, com amor. Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende."
CORA CORALINA





onde vou passar o reveillon? 

Perguntaram-me onde vou passar o reveillon. Para mim significa o final do calendário, data instituída em 46 a.c por Julio Cesar, imperador romano, o primeiro dia de janeiro como o inicio do ano novo. 
Reveillon é uma derivação do verbo francês “réveiller”, que significa “despertar”. 

Despertar? Não temos que fazer isso todos os dias? 

Há quem dê a data uma conotação mística de esperança em dias melhores, ou a previsão de facções pessimistas que falam em dias amargos, ainda há os que dizem que é a chegada do final dos tempos. Defini-lo não está na minha lista de desejos nem de prioridades.

Vejo como um feriado onde se reúne a família ao redor da mesa, aliás, minha família cada ano está cada vez menor, portanto a mesa cada vez mais pequena.
Eu não troco a companhia de amigos queridos por pseudofestas, onde reúnem-se pessoas travestidas de branco paz, mas no coração está vermelho guerra, flores sem aroma, comida cara e sem alma, sorrisos e beijos falsos.

Os Corruptos, desonestos, malandros, safados, que fizeram maldade o ano inteiro são acometidos por um sentimento benevolente e até capazes de atos caridosos, jogam esmolas em forma de comida aos necessitados ou em forma de abraços aos subordinados e subalternos, alguns até oferecem cestas básicas de natal ou panetone duros.
E os fogos ? Acho fogos de artifício um resquício da era jurássica, algo parecido com lavas vulcânicas dos primórdios dos tempos, sem contar o cheiro de enxofre que deixa no ar.

Sobre o champanhe, adoro, mas está cada vez mais caro algo que valha a pena ser tomado, ainda fico com minha velha e amiga vodka. Mas isso eu faço todas as sextas-feiras. 
Bom Despertar a todos .

o Mergulho

August Rodin





choro porque é livre 
a liberdade de externar os sentimentos é inerente a criatura
não me venha dizer não chore 
preciso me lavar 
quero entornar em mim
ir ao fundo 
sorrir de tanto triste 
tropeçar 
cair
tenho a herança da melancolia
porém, me fiz forte
suficientemente forte
alegro com isto.

lembro um dia em que eu pedi a lua a felicidade
ela nunca me respondeu
me deu vários presentes embrulhados com papeis de várias tonalidades, uns refinados outros rústicos...
abri todos
vivenciei cada um deles,
com alguns fui feliz com outros envelheci.
aprendo a cada instante como é fugaz ser.
o impossível não existe. um dia ele chega.
Fico feliz.

by alan (se preparando para o dia 1)

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Nunca gostei das rosas

Originária da Ásia, família Rosaceae, do gênero Rosa. Foram encontrados fósseis destes espécimes datados de   35 milhões de anos. 
A rosa é a flor de maior simbolismo no mundo,  de acordo com o mito grego, Afrodite quando nasceu das espumas do mar, tal espuma tomou forma de uma rosa branca, assim a rosa branca representa a pureza e a inocência. Conta o mito que quando Afrodite viu Adônis ferido, pairando sobre a morte, a deusa foi socorrê-lo e se picou num espinho e seu sangue coloriu as rosas que lhe eram consagradas. Assim, na Antigüidade as rosas passaram a ser colocadas sobre os túmulos, sendo uma cerimônia chamada pelos antigos de “Rosália”. Todos os anos no mês de maio enfeitam-se os túmulos com rosas. 

No Egito a rosa foi consagrada a Ísis que é retratada com uma coroa de rosas, o miolo da rosa fechado passou a simbolizar o  segredo.
 Era um costume medieval colocar uma rosa no teto das salas onde se conversavam assuntos sigilosos. Com o tempo passou-se a pintar rosas nos tetos das salas e posteriormente se tornou um estilo da arquitetura clássica. 
Na tradição Hindu, a deusa  Lakshmi (deusa do amor), nasceu de uma Rosa. Simbolismo da beleza e da pureza, perfeição em todos os sentidos, na idade média a Rosa passou a ser símbolo da virgem Maria por significado de pureza. As rosáceas das catedrais góticas foram dedicadas a Maria como emblema do feminino em oposição à cruz. Os rosários originais eram feitos com pétalas de rosa. A palavra “rosário” deriva do latim “rosarium” que significa roseiral. 

O imperador romano Nero era louco por rosas. Durante generosos jantares, pétalas de rosas choviam do teto para o banquete. 
Durante os séculos XVI e XVII, a rosa apresenta-se também inserida no simbolismo do Bouquet de Noivas, como forma de “espantar” ou “disfarçar” algum mal odor exalados de algumas partes do corpo; já que naquela época os hábitos de higiene pessoal não eram frequentes.  Também podemos encontra-la em inúmeras obras da literatura mundial:
-No épico de Luís de Camões, Os Lusíadas -  - "Amor, que o gesto humano n'alma escreve, Vivas faíscas me mostrou um dia, Donde um puro cristal se derretia, Por entre vivas rosas e alva neve." 
-Fernando Pessoa - "Segue o teu destino... Rega as tuas plantas;  Ama as tuas rosas. 
O resto é a sombra de arvores alheias. "
-Cartola - "As rosas não falam, simplesmente exalam o perfume que roubaram de ti." 
-Sheakespeare, em Romeu e Julieta, com uma única frase, definiu  esta flor: “aquilo que chamamos de rosa, com outro nome, seria igualmente doce”. 
- E até no guerrilheiro Che Guevara - "As tantas rosas que os poderosos matem nunca conseguirão deter a primavera."
Carregada de glamour, romantismo e simbolismo, além da ligação com os mortos, histórias mitológicas de amores trágicos, a rosa encontra-se com grande importância em diversas religiões, filosofias, brasões, emblemas, sociedades e culturas e também  destacou grandes personagens envolvidos em muitos episódios marcantes da história do mundo.

Apesar das grandes exortações a rosácea, confesso que nunca gostei de rosas, nada que aponte para  um motivo especial, está implícito na flor,  a beleza, a maciez das pétalas incomoda meus sensores terrestres, assim quando vejo pessoas muito educadas e muito cuidadas, logo imagino o ardor dos espinhos que estão por traz de um contato mais íntimo. A fragrância me enjoa, doce demais. Aprecio os amadeirados, os amaros e os toscos. A inocência da rosa só poderia estar na mitologia e na metáfora dos poetas. 
Talvez quando em seu estado selvagem, florescendo nos bosques asiáticos e persas, poderia simbolizar algo mais transcendente. 
Hoje só consigo lembrar das garotas de batom vermelho, frequentadoras de bares pulguentos e quermesses quilométricas,  onde as rosas são oferecidas enroladas em papel barato; Também pelos filhos caídos de remorso  e que no dia dos mortos presenteiam seu pais com um ramalhete de rosa caras; 
Amantes afoitos pelos hormônios e a libido vertiginosa  oferecem bouquet adornados de flores do campo e laçarotes de fita. 
De todas as rosas fico com a de Luxemburgo,  "No meio das trevas, sorrio à vida, como se conhecesse a fórmula mágica que transforma o mal e a tristeza em claridade e em felicidade. Então, procuro uma razão para esta alegria, não a acho e não posso deixar de rir de mim mesma. Creio que a própria vida é o único segredo."

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

"a árvore machucada"

...nesta semana, passando pelo vasto centro comercial desta cidade, não pude deixar de observar uma cena muito interessante. Um garoto de aproximadamente 5-6 anos, contorcia a mão nas bochechas carnudas com um sorvete de bola cor de rosa, enquanto a outra mão, em posição de equilibrar malabares, tentava disfarçar as manchas das gotas que caía na camiseta listrada. Os olhos corriam  pela loja procurando algo que logo encontrou, uma enorme árvore de natal. A árvore do comerciante era até "vistosa", talvez vistosa demais, tudo demais. A criança se encantou e logo aproximou da geringonça, que era composta, é obvio por bolas de natal,  penduricalhos de cristal, brinquedos horríveis de madeira, flores de plásticos e imensa camada de "neve", que pelo clima que fazia estava quase congelando todo ambiente, notei pela pizza que formava  debaixo do braço de cada vendedora. 


Logo a criança cutucou a mãe e disse sem pensar   
- "Mamãe, porque a árvore ta machucada?"
a mãe envergonhada com a manifestação inusitada do garoto, puxou ele para perto, e o repreendeu, pedindo que falasse mais  baixo.
- que isso? respeito com árvore do santinho. Onde você arrumou esta historia?
o menino não se deu por vencido.
- mas, que tá machucada tá, para que tanto algodão então?
Eu não perdi de vista a cara do dono da loja, que logo se entrometeu dizendo; 
-Essa internet acabou com a infância. 

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

uma história de boi e boiada

Há muito tempo, quando ainda  adolescente e meu pai ainda fazia tentativas estéreis de me adicionar no  mundo masculino, ele me levou ao  nosso sítio, o lugar ficava a alguns quilômetros da cidade. Sentado na traseira do Jeep velho, eu ia apreciando os redemoinhos de poeira vermelha que contorciam cegando a paisagem campestre, os buracos na estrada eram lembrados a cada momento com os solavancos que elevavam meu corpo e a cabeça chegava até a capota de lona de borracha.
Dava inicio a minha desconsolação. Ao chegarmos, logo tinha que buscar os cavalos e arria-los conforme instruções do meu pai que não dava folga. Pronto. Agora era esperar os compradores do gado que ficava pastando em um lugar um pouco distante dali de onde estávamos. 
Com a chegada dos compradores, eu nunca fazia parte dos cumprimentos nem da roda de conversas, ficava arredio atras das plantas ou no fundo da casa,  espiando os passarinhos, que eram muitos por sinal. 
Meu pai logo exigiu a minha presença com um grito que era característico. Entortei três vezes os olhos para cima, verifiquei se a fantasia de boiadeiro estava em ordem e fui. 
- Este é meu filho;
-Vá até pasto de cima,  escolha  doze cabeças de gado  e traga aqui para os senhores apreciar o rebanho. E logo.
Disfarçando  o quase tombo no ato de subir no cavalo, sai tateando a estrada íngreme. 
Voltei um hora depois, sem os animais -  a cara do meu pai estava vermelha de raiva e de esperar no sol quente.

- Pai você não disse, é para trazer os lisos ou os estampados?

 Um silencio pairou no ar, só ouvia um piado , que não conseguia identificar - imagino que seria coruja. 
Os senhores compradores riam para dentro, com medo de ofender meu pai. Até então nunca tinha visto rir para dentro, eles davam gargalhadas  para dentro, os olhos não mentiam. 
Meu pai disse - desça deste cavalo e vá para o jeep.
Nunca mais ele tentou me levar a uma venda de gado. 

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Oferta

...aprendi a harmonizar as cores quando minha mãe vendia cortes de tecidos, costumava selecionar os pares para ofertar as freguesas e sempre dava certo, mas, os cavalos eram coisas do meu pai e nunca davam certo.

domingo, 17 de novembro de 2013

de volta ao circo romano

Um linchamento total nas redes sociais  dos sentenciados do mensalão, que coincidentemente até agora são todos ligados ao partido dos trabalhadores. 
Não sou a favor de nada que descaracterize a justiça. 
Patéticos, pseudos politizados fazendo gracejos e piadas com um fato de tanta importância. Acredito que todos, mas, todos mesmo, tem que pagar por atos não probos, por atos contrários a moral político-administrativa e tudo que ultrapasse os direitos dos cidadãos, mas brincar com a historia de vida das pessoas é ultrajante e obsceno.
Quem nunca errou? eles erraram e vão pagar pelo erro, da forma determinada pela justiça. 
E aquele que está fazendo e postando  piadinhas?  
o que fez até hoje pelos direitos dos cidadãos brasileiros?
muitos nem levantaram a bunda do sofá, nem para pagar impostos, que é um dever cidadão, nem sequer trabalharam para saber o peso do suor e da luta diária para ganhar o sustento.
Fiquem sabendo que alguns  mensaleiros apresentam histórico de luta que conquistaram direitos aos brasileiros. 
Direitos estes que hoje a justiça utiliza para sentencia-los e a mídia usa para veicular as notícias. 
De forma alguma acho que eles não devam pagar pelo que fizeram, mas o que me causa revolta é a maneira desrespeitosa de alguns.
Me lembra  os antigos circos romanos onde a platéia gritava histérica por sangue, enquanto abaixava o dedo polegar. 
Isto é  revoltante e desumano. Antes de criticar ou postar abobrinhas, reflita sobre sua própria vida politica e pública, nunca cometeu nenhum ato que merecia desabono?, agora reveja o que proporcionou para os brasileiros em forma de luta...
Se ainda achar que deve criticar ...

sábado, 16 de novembro de 2013

MAMA ÁFRICA

 Na África, a água já foi elemento de discriminação racial quando, na época do apartheid só os brancos podiam ter acesso a ela. 
 Segundo um cálculo de volume dos aquíferos, realizado por um grupo de pesquisadores coordenado pelo hidrogeólogo Alan MacDonald, do Serviço Geológico Britânico (BGS, na sigla em inglês) e publicado na revista científica "Environmental Research Letters", sob as areias e terras africanas, jazem mais de 500 mil quilômetros cúbicos de água.Se estes recursos hídricos - equivalentes a 100 vezes a quantidade superficial de todo o continente - fossem aproveitados racionalmente, aliviaria-se um dos grandes problemas da África. 
Segundo relatório das Nações Unidas, a escassez de chuvas afetou neste ano mais de 10 milhões de pessoas no Chifre da África (África oriental) ,formado pela  Somália, a Etiópia, o Djibouti e a Eritreia,  causando uma grave crise alimentícia e o aumento dos índices de desnutrição. Além das mortes a que a cada ano a África assiste aos milhares devido a mazelas relacionadas à falta de água potável e de higiene e saneamentos adequados, a seca e a sede nas zonas rurais e urbanas têm um impacto devastador na vida da população, especialmente a feminina. Já que culturalmente neste local é a mulher que é a responsável pela captação de água para a família. Devido as longas jornadas as meninas não podem frequentar a escola. Na opinião de Alan MacDonald, as grandes bolsas de líquido descobertas no subsolo "poderia aliviar a situação de mais de 300 milhões de africanos que não têm água potável e melhorar a produtividade dos cultivos".
           
          Quando vejo algo assim imagino a quantidade de empresas multinacionais, empresas nacionais africanas,empresários, magnatas, executivos idiotas tipo "rei do camarote"  espalhados pelo mundo, enriquecendo,empanturrando de consumismo desenfreado,  tendo com plano de fundo a morte a miséria destes seres humanos, onde lhes faltam o mínimo digno necessário para sobreviver - á água. 
Enquanto isso o cenário é catastrófico para aqueles que por um acidente  nascerem geograficamente, abaixo da linha do equador e com a cor  negra.
Apenas  porque delimitados por uma barreira geográfica e pela pobreza, nem sequer merecem o investimento de terem água para matar a sede. No continente vizinho se refastelam em champanhe, por serem mais bem nascidos. 
Se a África foi o berço da civilização, que filhos desnaturados são estes? Viram as costas para a mãe e deixam seus irmãos morrerem sem dignidade humana alguma. 
Que mundo é este que apenas financiam o que rende dinheiro para acumular, comer e beber  muito e ter câncer mais tarde, ou morrer envenenado pelo ódio. Incapazes de financiarem tecnologia para matar cede de crianças africanas.
Ando cansado deste mundo!!! 

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Narciso, o muro amarelo e narcisação

flor de narciso

Contam que ele nunca voltou, na verdade ele sempre esteve aqui.
Veio ao mundo sob as águas de janeiro, um ser andrógino, tinha a beleza alva de quem não queria nascer.
Logo se apaixonou pelas montanhas e o verde das matas, na adolescência foi perseguido por bandos de sagitários cruéis e invejosos da sua inteligência e beleza. 
Por isso, nunca se deixou abater, continuou guerreiro de grandes batalhas. 
A batalha mais sangrenta que quase lhe levou a vida, vinha das próprias entranhas. 
Ele a denominou como AUTOCONHECIMENTO
Por um tempo teve que partir para outras montanhas e águas, para aprender o ofício da guerra. 
Ele o denominou como CONHECIMENTO
Abatido lembrou   "É que Narciso acha feio o que não é espelho ".
Voltou vencedor, trazendo na bagagem o cálice e a serpente,  que agora, segundo suas convicções mais íntimas, era devido compartilhar com aquela montanha que sempre amou, não importando com os sagitários cruéis. 
Foram anos de luta armada, enfrentando o medo, a doença, as sombras da maldade, a iniquidade, a orfandade, lutou até quase esvair as forças. Ele denominou TRABALHO.
Viu por algum momento raios de sol que iluminavam onde havia a escuridão e o abandono. 
Ele denominou IDEAL.
O que ele nunca saberia,  é que um mago tinha lhe tirado a magia da miopia.
E ele  olhou as montanhas refletidas nas águas. 
Tudo era podre, e via todos como sagitários cruéis.
Ao contemplar a montanha e seu povo,  sua unidade rompe-se: o que era um parte-se em dois. 
É arrastado para fora de si. 
O que ele viu? a realidade.
Onde estava o ideal de si ? E lutou para não perder essa imagem. 
Sua posição reclinada   para baixo e sua anterior miopia não permitia  ver a vastidão do horizonte, deixou-o envolto em si mesmo. 
Por isso a visão que teve  era  ínfima. 
Mas a imagem ideal refletida na mente era inalcançável, isso o levou à ruína como punição por não conseguir trazer para si a imagem desejada.
Ele jamais foi o mesmo, Só  lembrava do eco do seu próprio berro a aparvalhar a mente.
Se recolheu ao abrigo do muro amarelo, ficou a  debruçar na fonte de Téspias para beber água e cultivar  flores, amarelas, narcóticas e estéreis. 



narciso
Se recolheu a solidão porque ele se perdeu na sedução da imagem da montanha. 
Não queria mais assumir responsabilidades sociais, enfrentar desafios, a realidade, as desilusões. 
Foi contemplar seu eu. 
Mas, Não há risco zero na vida.









terça-feira, 12 de novembro de 2013

Darin recusa Tarantino





Ricardo Darin é uma persona  impar no  meio dos famosos, em várias ocasiões provou estar acima do seu tempo. Tempos em que valores no meio profissional se torna uma busca desenfreada pelo "up" a qualquer preço, onde o poder aquisitivo nunca está dentro dos padrões do desejo. Para tanto, grande parte destes profissionais sujeitam ir na contra mão de ideais e pensamentos que foram cristalizados  com a própria realidade, com a realidade do país, da cidade e da família que viveram.  Segundo Freud  "o caráter de um homem é formado pelas pessoas que escolheu para conviver"  Darin se exorcizou de todos os cliques da glória hollywoodiana e da possível indicação de um "Oscar", que para ele pelo menos não deve ser glória, ou por outro lado teria um preço muito alto a pagar - o seu caráter, se Freud estiver realmente certo, imagino como são meritórias as pessoas que o cercam.
Confiram a entrevista:


Entrevistado em setembro no late show argentino Animales Sueltos, o ator e também argentino Ricardo Darín me sai com essa:
Fantino: É verdade que você recusou uma oferta para filmar em Hollywood com Tarantino?
Darín: Sim, é.
F: E por quê?
D: Porque me ofereceram o papel principal mas eu teria que fazer um traficante mexicano. E eu perguntei ao produtor por que os mexicanos sempre tem que fazer os traficantes se os maiores consumidores em nível planetário são os ianques.
F: E o que ele respondeu?
D: Bom, a resposta que ele me deu me incomodou tanto que confirmou minha escolha de não filmar com Tarantino. Me disse “Então é uma questão de dinheiro. Diga quanto você quer que pagamos. Você coloca o preço”. Quer dizer, não podem chegar a ver nem a compreender que existem códigos fora do dinheiro que alguns de nós temos… entende?
F: Mmm… não, na verdade não.
D: Como não? Ale, você é esperto, tem que entender o que falo…
F: Mas você poderia ter ganho mais dinheiro.
D: Mais dinheiro? Ser milionário? Pra quê?
F: Como pra quê? Pra ser feliz.
D: Feliz com mais dinheiro? Do que você está falando?
F: Bom, todos queremos ter mais dinheiro pra ser felizes.
D: Ale, eu tenho dinheiro, tenho um carro importado de alto nível. Como o que quero no café da manhã, no almoço e no jantar, e posso tomar dois banhos quentes por dia. Você tem ideia de quantas pessoas no mundo podem tomar dois banhos quentes por dia? Muito pouca gente, entende? E como eu não me considero um excelente ator, sempre digo a mim mesmo que foi por pura sorte, entende? Nesse mundo capitalista selvagem eu sou um cara de muita sorte. Eu sou um privilegiado entre milhões de pessoas. E mais, eu tenho a sorte de poder ver isso em mim, o que me permite ter uma boa conta bancária e não acreditar nela. Eu posso me ver de fora e dizer “Puta, que louco, que sorte você teve”.
F: Mas você filmaria em Hollywood… e não pode negar que do Tarantino ao Oscar seria um pulo…
D: Acho que eu não sei me explicar direito… eu já estive na cerimônia do Oscar e não gostei, tudo é de plástico dourado, até as relações entre as pessoas. Fui, aproveitei, mas esse mundo não é o meu, não é o que elegi nessa vida.

maria callas


a árvore





chego a chorar na sua frente
tamanha majestade
sofre ao vento quando broto
ao sol um castigo sem a chuva
suporta tudo para ser
a sombra
nada pede
apenas a vida o verde .
o medo
o machado
a lenha
o fogo
aquece quem o feriu
até a morte.
sem mágoas
sem águas
não sou
tenho muito a aprender.