segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Não façam como eu, seja um monte-santense ausente



Tenho visto uma constante exortação de monte santenses ausentes à terra natal. 
Nada mais digno, um resgate as raízes e aos antepassados, afinal história não se descarta, nem se discute. 
Muitos deles foram  atrás da sobrevivência, sucesso, construir seu patrimônio intelectual/cultural e/ou econômico. 
Alguns, deram certo, outros não. 
Porém, sem desprestigiar ou desmerecer ninguém, afinal cada um "tem sua história", gostaria de exortar hoje àqueles que ficaram em Monte Santo ou foram se preparar profissionalmente e voltaram. 
Se me permitem, coloco a minha experiência neste texto como pleno sabedor da causa. 
Desavisados nos chamam de fracos, por não termos coragem de enfrentar o novo. Eu digo corajosos por desistir do novo que poderia nos ter oferecido oportunidades de crescimento em vários sentidos. Mesmo assim ficamos e optamos por enfrentar a oligarquia monte santense. Cara a cara. Frente a Frente.
Talvez em nome da proteção aos familiares;  por ideal, ou até  ufanismo "montessanteiro"- enaltecidos com as belezas naturais, riquezas e potenciais do lugar fizemos a tentativa de dar o melhor de nós, empregar toda capacidade intelectual conquistada lá fora e emprega-la no romantismo de pertencer a terra natal. Este pertencimento do lugar é que nos fez não pensar em nós mesmos. Este sentimento de desapego ao que é inerente ao futuro promissor individual nos levou a  desapropriação do pertencimento por parte do coletivo oligárquico. 
Visto que, o que rege nesta sociedade e em muitas outras é o que possuímos em bens materiais, o que acumulamos em metal e tijolos, mesmo que seja fruto da corrupção, do abandono de valores solidários, éticos ou legais. 
O fato de uma conduta reta, que com o trabalho digno proporcionou  o bem coletivo passa ser irrelevante e cai ao esquecimento. 
Neste Janeiro próximo completo 53 anos e 31 anos de prestação de serviço a este município, eu fui e voltei na esperança de pertencer a este lugar, Errei. Investi incansavelmente no bem estar dos meus familiares e também àqueles que dependiam do fruto do meu profissionalismo. Pautei minha vivência pelo que sempre entendi como ético, justo e probo. 
Hoje analiso vários deslises e erros, frutos da inexperiência ou até da pressa de querer acertar. 
Posso dizer que a cidade continua linda, suas montanhas e cachoeiras, sua arquitetura. 
Mas, em meu corpo transcende um sentimento de decepção,  abandono e fracasso. 
Fracasso. Palavra que dói muito, quando se fala. Abandono. Palavra que tem um retorno. 
Decepção. Palavra mórbida, por isso estou doente. 
Nunca de arrependimento pois faria de novo. 
Faria diferente mas, faria de novo. 
Porém, não aconselharia ninguém a fazer o que fiz, vão te embora enquanto é tempo.
Sejam monte santenses ausentes. 
Nada paga  um amparo seguro e o fato de não presenciar os desmandos, a incompetência e ver tudo se acabar. 

“Fracassei em tudo o que tentei na vida.
Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. 
Tentei salvar os índios, não consegui. 
Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. 
Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. 
Mas os fracassos são minhas vitórias. 
Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu"
Darcy Ribeiro




domingo, 29 de dezembro de 2013

Bula



Bom Despertar a todos

                               Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velho não. Você acha que eu sou?

     
"Tenho consciência de ser autêntico e procuro superar todos os dias minha própria personalidade,      despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.
  O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade. Procuro semear   otimismo e plantar sementes de paz e justiça. Digo o que penso, com esperança. Penso no que faço com fé. Faço o que devo fazer, com amor. Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende."
CORA CORALINA





onde vou passar o reveillon? 

Perguntaram-me onde vou passar o reveillon. Para mim significa o final do calendário, data instituída em 46 a.c por Julio Cesar, imperador romano, o primeiro dia de janeiro como o inicio do ano novo. 
Reveillon é uma derivação do verbo francês “réveiller”, que significa “despertar”. 

Despertar? Não temos que fazer isso todos os dias? 

Há quem dê a data uma conotação mística de esperança em dias melhores, ou a previsão de facções pessimistas que falam em dias amargos, ainda há os que dizem que é a chegada do final dos tempos. Defini-lo não está na minha lista de desejos nem de prioridades.

Vejo como um feriado onde se reúne a família ao redor da mesa, aliás, minha família cada ano está cada vez menor, portanto a mesa cada vez mais pequena.
Eu não troco a companhia de amigos queridos por pseudofestas, onde reúnem-se pessoas travestidas de branco paz, mas no coração está vermelho guerra, flores sem aroma, comida cara e sem alma, sorrisos e beijos falsos.

Os Corruptos, desonestos, malandros, safados, que fizeram maldade o ano inteiro são acometidos por um sentimento benevolente e até capazes de atos caridosos, jogam esmolas em forma de comida aos necessitados ou em forma de abraços aos subordinados e subalternos, alguns até oferecem cestas básicas de natal ou panetone duros.
E os fogos ? Acho fogos de artifício um resquício da era jurássica, algo parecido com lavas vulcânicas dos primórdios dos tempos, sem contar o cheiro de enxofre que deixa no ar.

Sobre o champanhe, adoro, mas está cada vez mais caro algo que valha a pena ser tomado, ainda fico com minha velha e amiga vodka. Mas isso eu faço todas as sextas-feiras. 
Bom Despertar a todos .

o Mergulho

August Rodin





choro porque é livre 
a liberdade de externar os sentimentos é inerente a criatura
não me venha dizer não chore 
preciso me lavar 
quero entornar em mim
ir ao fundo 
sorrir de tanto triste 
tropeçar 
cair
tenho a herança da melancolia
porém, me fiz forte
suficientemente forte
alegro com isto.

lembro um dia em que eu pedi a lua a felicidade
ela nunca me respondeu
me deu vários presentes embrulhados com papeis de várias tonalidades, uns refinados outros rústicos...
abri todos
vivenciei cada um deles,
com alguns fui feliz com outros envelheci.
aprendo a cada instante como é fugaz ser.
o impossível não existe. um dia ele chega.
Fico feliz.

by alan (se preparando para o dia 1)