Palavras eram ditas, gestos eram declinados, ela não sentia, não ouvia, apenas olhava como se fossem apenas gestos, apenas palavras.
Alguma pessoa uma vez disse “cuidado com quem muito sofre, o sofrimento anestesia a alma”.
docilmente alguém falava que o tempo é o melhor remédio para todos os males. Com os olhos perdidos no teto, lembrava da maçã vermelha nas mãos sujas da menina marina. As unhas pretas de terra seguravam a fruta com tanta força... Levava aos dentes pequeninos, lascavam, mascavam, degustavam com tanta fúria e gozo que não existia nada no mundo que pudesse tolher aquela cena. Ela tinha olhos de girassol, ela tinha boca de beijo.
Por um momento o tempo parou, gargalhadas foram ouvidas, os olhos parados ainda continuavam no teto, reprovação e espanto, o som do riso deu lugar a um berro lancinante que varria o silêncio da alcova.
Marina voou, voou... nunca mais voltou... quem encontrar é favor me avisar ... ela é toda amarelinha ... o meu pobre passarinho.
alan
ResponderExcluiradorei, vejo que não perdeu a sensibilidade na maneira de escrever, de trazer os fatos para as pessoas como novelos a serem desenrolados,aliás nunca vi melhor contador ..
aparece no blog, tenho novidades boas, estou escrevendo um artigo para a revista época.
beijo
lindinho
ResponderExcluirjá estava com saudade de te ler, isso é impressionante,vejo a realidade nua no contexto. Tenho andado tão sozinha ultimamente rsss. preciso do endereço da sua irmã,to com um projeto na unicamp de releitura de balzac, tbem quero sua opnião sobre o que to escrevendo.
bjim