O carnaval da inalterabilidade
Partindo da premissa que para perpetuarmos a espécie humana necessitamos da história e da cultura de um povo e que o carnaval utiliza ingredientes lúdicos e fabulosos como ferramentas para transmiti-las às platéias.
Digo que a mais de trinta anos assisto ao mesmo filme, nas ruas monte-santenses: a disputa das inúmeras penas e brilhos pendurados nas mesmas pessoas, de forma bastante comum e inalterada no decorrer do tempo.
A vitória sempre é bilateral, cada troféu fica guardado nos guetos familiares, nas conversas das comadres, demarcadas por uma posição geográfica urbana.
Onde está a contribuição do pagamento da dívida cultural popular?
Onde se encontra o passaporte cultural para a historia?
Podemos responder, cinicamente, na concessão da permanência da classe de menor poder sócio-econômico em cultuar o brilho de seus senhores.
Já chegou a hora das agremiações carnavalescas de Monte Santo se preocuparem em dar ao povo a sua contribuição cultural.
As pessoas merecem muito mais, no mínimo, o exercício mental de descobrir o novo, o contato com a informação.
O poder público investiu e inovou na infraestrutura, contribuiu financeiramente para com os blocos, proporcionou o conforto merecido para a platéia, falta agora exigir dos dirigentes e carnavalescos o pacto sócio-cultural para a população.
Enquanto expectador ai vai uma sugestão - um enredo, um tema para 2010, que seja inovador e veículo de conhecimento a nossa gente, caracterizado pela ousadia de colocar o novo na rua.