Sobre a leitura da biografia do fotógrafo americano Robert Mapplethorpe escrita por Patricia Morrisroe, jornalista do The New York Times/1997.
A autora nos leva a Nova York dos anos 70 e 80, relata sobre a vida conturbada deste artista (que não gostava de ser chamado de fotógrafo) e sua relação com as drogas e o mundo sadomasoquista gay. Morrisroe extrai de cada momento a essência crua dos acontecimentos, sem nenhuma referencia romântica, apenas os fatos na sua nudez jornalística.
Há muitas linhas literárias adotadas para escrever uma biografia, em algumas o autor mescla os fatos com conjeturas de caráter íntimo, muitas vezes por ter tido contato com o biografado, porém não é este o caso desta biógrafa.
O desenrolar da vida do artista e seus relacionamentos, nos faz repensar os significados de “anjo e demônio”. Marppletorpe autointitula-se como demônio, porém paradoxalmente este fato se traduz na inocente procura da sua própria identidade em conflito, o “bem – heterossexual e o mal – homossexual”, segundo era caracterizado a orientação sexual naquela época.
Nascido em berço católico viveu sua infância e parte da adolescência no modelo da virtude, chegou a tentar a carreira militar fazendo a sua existência adequada aos desejos dos pais.
Quando assume sua homossexualidade se perde em um emaranhado autopunitivo, materializado na suas fotografias sadomasoquistas. Nos relacionamentos amorosos, procurava sempre nos parceiros a figura materna/ paterna.