quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Jardim do edem

anjo


Palavras eram ditas, gestos eram declinados, ela não sentia, não ouvia, apenas olhava como se fossem apenas gestos, apenas palavras.


Alguma pessoa uma vez disse “cuidado com quem muito sofre, o sofrimento anestesia a alma”.


docilmente alguém falava que o tempo é o melhor remédio para todos os males. Com os olhos perdidos no teto, lembrava da maçã vermelha nas mãos sujas da menina marina. As unhas pretas de terra seguravam a fruta com tanta força... Levava aos dentes pequeninos, lascavam, mascavam, degustavam com tanta fúria e gozo que não existia nada no mundo que pudesse tolher aquela cena. Ela tinha olhos de girassol, ela tinha boca de beijo.


Por um momento o tempo parou, gargalhadas foram ouvidas, os olhos parados ainda continuavam no teto, reprovação e espanto,  o som do riso deu lugar a um berro lancinante que varria o silêncio da alcova.


Marina voou, voou... nunca mais voltou... quem encontrar é favor me avisar ... ela é toda amarelinha ...  o meu pobre passarinho.

2 comentários:

  1. alan
    adorei, vejo que não perdeu a sensibilidade na maneira de escrever, de trazer os fatos para as pessoas como novelos a serem desenrolados,aliás nunca vi melhor contador ..
    aparece no blog, tenho novidades boas, estou escrevendo um artigo para a revista época.
    beijo

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  2. lindinho

    já estava com saudade de te ler, isso é impressionante,vejo a realidade nua no contexto. Tenho andado tão sozinha ultimamente rsss. preciso do endereço da sua irmã,to com um projeto na unicamp de releitura de balzac, tbem quero sua opnião sobre o que to escrevendo.
    bjim

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