sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Retrato


segredos.jpg

eram pontos escuros salpicados no branco do papel.




as imagens já desmaiadas,


não apresentavam formas definidas.


a lembrança desata o nó,


da infância a juventude,


o tempo encorajou,.


a inocência se perdeu,


o vento ressecou,


o amor maltratou.


onde está o olhar


iluminado como manhã de sol?


perdido de nunca ter,


nublado de tanto ser,


guardado de nunca estar.


se Deus me desse poder,


faria renascer o querer,


só para ver


como pássaro voar.



segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Delírio da alegria

image0011.jpg 



 não paro de ouvir
que tudo que escrevo é melancólico,
fazer algo up é o plano.
inalar o riso dos tristes,
desatar de tanto rir,
 estar numa boa é
comprar Q.boa no empório,
chegar perto Ozório,
ouvir piada no velório,
fungar na nuca do Juca,
não pagar a conta nunca,
ouvir a voz da wanderléia,
comer geléia com o dedo sujo,
tirar o mofo da puta,
dizer que nunca houve outra igual.
mas pra que rir tanto?
logo
Contar a conta no vermelho do banco,
misturar com eunucos sem ficar puto,
mover oceano de merda
para chegar na frente do pior e
dizer adeus.


segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

sozinho

solidao.jpg 


A palavra que os ouvidos diziam,


desmemoriar, deletar


o sacrossanto privilegio de não esquecer.


raios que escureciam,


tinha gosto de jornal.


o dia era cinza,


se perdia na excomunhão do deus prozac.


fazia se perder.


sentia saudade de não ver o obvio,


tudo era  sólido e sem alma.


o olho insone fixava sua imagem que distorcia


e contorcia como calidoscópio preto e branco.


os pés tateavam a sensação gelada e lodosa


do fundo do poço.


lembrou da mão do homem abjeto,


objeto da dor,


O Tempo, Tempo, Tempo


trouxe luz.


devolveu  a sanidade,


a convalescença.


loucamente os humanos são dotados de poder.


a alegria reagia com a incrustada cadeia de fosfato,


chegou  a imensa felicidade de estar só,


a liberdade de ser,


o poder de estar incólume a seu nome.


Você não é nada,


só é  dor que passou.   

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

É Natal


cartao003.jpg 


Já é natal. 


Não posso me conter.


em volta da mesa pessoas se juntam em nome do peru, do abacaxi da pinha,


dormem enfastiados, vomitam e peidam para os que nada tem.


sorrisos e choros de crianças mal criadas,


nunca se satisfazem com o que traz o  velho gordo.


outras adormecem sobre o estômago oco,


sonham com altdors cheios de sorrisos e presentes vermelhos,


andam pelas ruas no ritmo dos sinos que os fazem lembrar que foram esquecidas.


solitários, trôpegos e famintos margeiam o canal procurando o pasto,


burros e jegues sopram e aquecem o prato vazio,


a estrela sumiu no meio da fumaça de veneno.


reis negros e brancos trocam tiros no bar da esquina delimitando o território.


Meu Deus !!!!!!!!!!!!!!!!


esqueceram o menino.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

vai chover

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sozinha na sala


na TV falavam em dia ensolarado.


encolhida na poltrona, observava  o relógio,


era quase o fim.


preparara no dia anterior a roupa, o cabelo, o perfume, as flores.


ele chegaria e após o beijo, o amor em cama de lençóis novos,


treinava no espelho o olhar, os gestos as posições, gargalhava sozinha.


um toque na porta a fez despertar.


o medo.


o toque na maçaneta polida a flanela,


o coração descompassado.


não havia ninguém,


apenas o vento a lembrar da solidão. 


 


terça-feira, 27 de novembro de 2007

meu colo

rodin “Obeijo”


    rodin “Obeijo”


você chegou com cheiro do mato 


tardou aconchegar no meu colo


fez  meu corpo seu lugar.


ilumino  sua chegada.


com você


volto o tempo


salgo o café


ponho doce na carne  


sua voz me faz arrepiar


perco completamente o pudor 


entorno de prazer


molho na  sua vontade.


Com  medo do amanhã


seu segredo é velado


esconde embaixo da cara


liberta o sorriso


a pele fica feliz.


adoro seu moço amor.  


quarta-feira, 21 de novembro de 2007

morte








rosas.jpg


ela chega a  tarde,


espreita a noite.


nada de foice


traz um saco de saudade.


muitas vezes o alivio vem ao seu encontro


outras


vem surfando despreocupada na onda gigante ou


escondida no umbigo do homem lunático,


nestas horas trabalha incansável com o sedeiro.


extermina o coxo, o filho o avô


não tem medo do escuro


se deleita na manhã  de sol


chega de mansinho pega o menino no colo


dá-lhe  um beijo na fronte.


leva o gado do moço


bebe o café e fuma.


cria o caranguejo que mata.


sai do meu pé sua vagaba


pula do trem


vai fazer amigo no planalto ou na casa branca


pega sem compromisso.


tira o gorro, mostra a cara, joga arma fora, 


veste roupa amarela e


deixa o menino em paz.


 cartas_tarot1.jpg

A leveza




Podemos dizer que duas vocações opostas se confrontam no campo da literatura através dos séculos: uma tende a fazer da linguagem um elemento sem peso, flutuando sobre as coisas como uma nuvem, ou melhor, como uma tênue pulverulência ou, melhor ainda, como um campo de impulsos magnéticos; a outra tende a comunicar peso à linguagem, dar-lhe a espessura, a concreção das coisas, dos corpos, das sensações. (Seis propostas para o próximo milênio, Calvino, I

Acredito que todos os que gostam de se expressar com palavras - e não só os poetas - se deparam com essa dupla qualidade de todas as línguas: muitas vezes, ao desejar ser rápido, tomar a linguagem como uma faca afiada que perfura e faz sangrar, parece-nos estar segurando um peso enorme, opaco e sem saliências ou reentrâncias que permitam ser manuseado. Ela permanece diante de nós: intacta, transformando o mundo todo em pedra diante de nosso desejo. Se uma tal variação tem cheiro, cor, textura, forma e densidade, como a Medusa do mito exige também ser tratada com delicadeza, tanta leveza quanto formos capazes numa aproximação - que por sua vez não pode ser direta, mas obedecer a todos os protocolos  requeridos por ....deuses.

Se entretanto tentamos tomar a linguagem como um objeto de estudo – espelho através do qual entrevemos outros tempos, pessoas, situações, conflitos, idéias....ela nos parecerá difusa, volátil, tão mais transparente quanto for a nossa capacidade de explorar sua densidade. E essa nossa capacidade, mais uma vez, estará ancorada em desvelo mais do que impetuosidade, em devoção mais do que em perspicácia, em capacidade de aceitar mais do que de análise.

Talvez pareça um tanto parnasiano esse texto, mas não posso fugir de meus atuais embates, na escritura da tese...como diria o poeta: sinto-me só e nua, no escuro.


medusa2.gif      



segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Perfeição - por André Pinheiro


bruegel-a_queda_dos_anjos_rebeldes.jpg






perfeição


  


jogo fora tudo que é perfeito. padrozinado, limpo, reto.


moralmente abençoado, benquisto, sacramentado.


fodam-se as regras do governo.


renuncio ao bem-aceito e aproveito para


convidar: vamos celebrar o imperfeito!


sou o fruto podre, a rima pobre, a grana pouca.


comigo carrego a inexatidão da miopia, o mais


impróprio improviso, a falha na percepção. o golpe


brutal, o dobrar das pernas, o inexorável tombo


e o beijo na lona. a boca seca, a tontura da ressaca,


o desencanto de um pênalti perdido. a merda no calçado,


o tropeção. o xeque-mate me persegue. sou


o eterno vice-campeão, participante desolado da segunda divisão.


sou profeta do caos, amante do erro, padroeiro


do infortúnio. repudio a precisão, digo não a todas


as virtudes. faço-me ouvir na nota errada


do músico amador; na voz estridente do cantor


desafinado. sou o palavrão, o mau-cheiro, o antibelo.


desilusão, desdita. o beijo negado, o amor


não-correspondido; a pele escura, a celulite, a cicatriz,


a flacidez. a palavra mal-escrita, o erro na pontuação.


a fala fanha, a calvície, o aleijão.


vagabundo, anti-herói, anjo torto, cicerone


do inferno. palhaço, matuto. andarilho coxo, malabarista


trêmulo. não tenho pátria, língua, religião. nada


me pertence, nada me conduz, nem me consola.


sou a amnésia, avesso da história. destruição.


do mundo sou a escória. caminho de mãos dadas


com o vício, a falência, a perversão. no bolso esquerdo


levo pragas, tempestades. pesadelos, viração.


mensageiro da incerteza e do fracasso,


exerço a minha fúria no parar de um coração.


não é muito bom estar aqui. sinto-me desonrado


com a vossa companhia.


muito desprazer, pode me chamar Imperfeição.


Achei o poema muito bom e  pedi ao andré pinheiro para publica-lo. Obrigado André.

do bolg  http://vivaverve.wordpress.com/



                            


                                  

sábado, 17 de novembro de 2007

teu pé

betty-goodwin.jpg 



 acariciar-lo é como voltar de longe


é estar perto do absoluto.


senti-lo.


tocar com os  lábios


por entre dedos  e curvas.


roçar a língua


sentir o frio da carne.


acender a fogueira.


medir a perfeição do contorno.


contemplar.


degustar o tesão.


palpar sua ira


proporcionar o descanso do dia tenso


pegar no colo


é quase orgasmo  .

Já é dia ...

foto john max


foto john max 


a festa rola,


pessoas mascaradas esperam a sobra da noite.


o roto rala e rola na pista cega.


inspiração etílica.


sombras sobrevoam.


a música é quente.


o corpo.


o gelo do copo.


o suor exala o desejo encarnado.


odores se misturam.


os corpos


enroscam-se,


esfregam-se.


a sua ausência chega e


não vejo mais nada.


o gozo não veio,


já é muito tarde,


dancei como nunca.  

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

A Insustentável beleza

“Não há, na realidade, nem estilo belo, nem desenho belo, nem cor bela. Existe apenas uma única beleza, a beleza da verdade que se revela. Quando uma verdade, uma idéia profunda, ou um sentimento forte explode numa obra literária ou artística, é óbvio que o estilo, a cor e o desenho são excelentes. Mas eles só possuem essa qualidade pelo reflexo da verdade”  François-Auguste-René Rodin.      



                                                 Eternal Idol (1889), Auguste Rodin 




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A beleza tem me surpreendido muito, seja na leitura de um texto literário ou na presença de uma obra artística, tenho cada vez mais a constatação de que os olhos são insuficientes para captar a harmonia, a beleza.  

Peguei-me várias vezes perdidamente arrebatado pelo feio, pelo deformado, pelo insignificante ou pelo ilógico ao primeiro olhar.

Rodin o mestre do belo, nos dá a conotação exata da beleza.

É necessário embrenhar-se pelo que há de vivo no ser, resgatar a verdade profunda escondida no eu de cada um. Temos a incomensurável necessidade de libertar verdades para que possamos enxergar ou sentir a beleza, precisamos desvencilhar das belezas pré-estabelecidas pela cultura hipócrita do belo, do simétrico ou até do assimétrico e abraçarmos sem preconceito ao que há de novo na diversidade de cada eu artístico. O medo de modificar “belezas” ou da exposição ao “ridículo artístico” tem abortado idéias e ideais que poderiam ser geniais.

Portanto de encontro com a verdade, sem medo do escapismo hegemônico da beleza triunfal, sem medo daqueles que ainda acreditam em apresentações artísticas perfeitas, dou vivas ao novo, ao indecente, ao belo de cada eu.

Louco muito louco

duas mãos A. Rodin


duas mãos A. Rodin


 loucura é ter você


loucura é ter você e nunca ter te visto


ter você?


E o mais louco


me sinto feliz. 

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Geração BeBê Have Bindeez

brinquedobindeezreproducao400101135.jpg


 O Brinquedo Bindeez  prometia ser o best-seller deste Natal



”São bolinhas que em contato com água tem a propriedade de colar uma nas outras e formar desenhos, leva normalmente uma camada de um produto químico, o 1,5-pentanediol. Mas, por razões ainda desconhecidas, outro produto, o 1,4-butanediol, foi utilizado. O produto, ao ser ingerido, se transforma na substância conhecida como GBH, ou ácido gama-hidroxibutírico, uma droga de laboratório muito usada em festas por seus efeitos alucinógenos e com potencial letal – O Êxtase. O brinquedo teria levado cinco crianças que ingeriram suas bolinhas a vomitar e perder a consciência.” Fonte: Folha de S. Paulo + Gazeta do Povo.



Gentemmmmmmmmm o que é isso??????????????


Vamos Combinar -   O mesmo bebê que andou tomando água oxigenada + Soda Cáustica + ácido cítrico no leite , também ta tomando êxtase no brinquedinho trazido pelo Papai Noel.  


.... Que mundo é esse?

Papai Noel ....... cadê você que não me ouve?



Tô bege, Tô pasmo...

Tudo pela porra  da liquidez da economia global ...



A Humanidade precisa ainda aprender muito com os bichos.



Fodam-se Homens... Fodam-se e não multipliquem mais.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

O leite

leite.jpg




 E eu, que estava quase morrendo, pensei que fosse a cachaça ... 

Era o Leite ///




domingo, 4 de novembro de 2007

Preciso de um divã

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  Estou aqui pensando, no vazio que sinto quando  acabo de ler um bom autor,  não tenho muito tempo e demoro com a leitura, cada pagina é degustada de forma diferente e deixa não só o que foi lido, mas também é somado com situações e acontecimentos do dia, da fase com que estamos vivendo. É como se esses acontecimentos fossem marcadores das páginas.. A convivência diária com os personagens, a interação com a historia nos deixa  meio que desamparados no término do livro.Essa sensação eu experimentei quando terminei o livro NEVE de Otham Pamuk. Já comentei a historia em outro post, e assim tenho mais uma lista de autores que me proporcionaram o mesmo sentimento, entre eles, O Morte em Veneza de Thomas Mann, O Germinal de Zola, se bem que atualmente tenho lembrado muito de As Relações Perigosas de Choderlos de Laclos. Acho que preciso urgente de um bom divã. 


quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Casal Punheta

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Já faz tempo que desisti de ver  o jornal nacional da tv Globo, mais fico puto e embucetado  toda vez que vou visitar alguém e a primeira imagem que se tem quando abre a porta da entrada  é a  TV 29 polegadas, rija e ereta no meio da sala, junto com o cachorro e a sogra,  exibindo o referido jornal, tenho que engolir e assistir os olhares do galã de quermesse (faz tanto tempo que não ouço isso)  do Willian Boné e os trejeitos de bailarina paraplégica da Fatinha Bundardes.

Em uma ocasião dessas, quando veiculava em todos jornais o acidente com o boing no Aeroporto de Congonhas, não esqueço a cara do Willian – vestido de terno, camisa e gravata preta, fazendo matéria fora do estúdio global, dava informações repetitivas, sempre focando a morte a desgraceira das vítimas como se tivesse comprando docinhos de abóbora, sua fisionomia era de quem estava tendo um orgasmo múltiplo após sair de uma prisão perpetua, comentava as notícias com a esposa amada  com se dividissem balinhas na matinê do domingo. E a cara da safada da Fatinha quando dá noticia do futebol, principalmente no que se refere à seleção perneta brasileira, ela revira os olhinhos, bate o cabelinho chapinha, balançando a cabecinha e troca olhares com o porra do marido – Tipo ta vendo como eu sei – ta vendo como sou boa -  a cada noticia dada é um sorrisinho bege de batom cor do toba da mãe dela.

WILLIAN E FATINHA VOCÊS SÃO PÉSSSSSSSSSSSSSIMOS


 

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

...“Segue a "movida Madrileña"


...“Segue a "movida Madrileña"
Também te mata Barcelona

Napoli, Pino, Pi, Paus, Punks

Picassos movem-se por Londres
Bahia, onipresentemente
Rio e belíssimo horizonte”...



Gotas de chuva molhavam a panturrilha nua, os pelos entrepostos formavam figuras abstratas entrelaçadas aos farrapos daquilo que parecia roupa. 


O vento, o frio que ele sentia não era físico tinha  tragédia no ar.


As Costas arqueadas mostravam os ossos como colunas justapostas. 
Ele ria. Gargalhava.
Lampejos de lembranças felizes abordavam a mente cansada e ébria.

– imagens da infância vinham , os sapatos de verniz de duas cores, as meias grossas brancas, suspensas milimetricamente até os joelhos cobriam os hematomas deixados pela bicicleta recém conquistada, depois daquela viagem dos pais; o cabelo e a gomalina emolduravam o rosto redondo e rechonchudo de bolachas de nata, sequilhos frescos e chocolate quente, tão amorosamente preparados pela anja gorda e negra da meninice.


Berros ouvidos ao longe o fizeram voltar ao frio... Sentiu fome, a caneca amassada ainda tinha cheiro de sangue e dente.  

Só uma coisa doía mais que o corpo puído – a saudade de dias de lençóis com cheiro materno, do gosto quente do beijo de boa noite.

As imagens não eram desfocadas. Ouvia gritos e berros cada vez mais próximos, 
o medo salta aos olhos febris
eles se aproximam 
ele via agora 
um barulho seco rompe a madrugada molhada, 
gargalhadas e porretes somam a cor vermelha da calçada.
a dor lancinante.

Já amanheceu.

Nenhuma lágrima reclamou o corpo encontrado sem vida.

Nenhuma nota no tablóide cor de sangue foi visto.

No mármore frio uma etiqueta pendurada mostrava o número da série.

amigo

11.10.07


amigo





anjos_processo.jpg 


…. Todas as palavras foram ditas,


na canção, no hino, na despedida …


muitas esquecidas na lápide,


outras ainda ecoam pelos ouvidos de quem não ouviu …


balbuciadas em noites de encantamento ou acariciadas em dias de temor, perda e consternação …


Sei que muitas ficaram e interagiram, perpetuaram o amor.Fraternal e indecente…


Mas tudo são palavras … e palavras já foram ditas.


O que fazer então?


Dou-te um beijo e um abraço forte e não digo nada.


Apenas o silencio interrompe o quanto a te dizer…


Edson meu amigo do coração FELIZ ANIVERSÁRIO.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Baixo Astral

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..tudo é .. como que deveria ser . Penso tão logo acordo, e digo para a escova que me espera na pedra do banheiro, mais um dia.

O ontem será o hoje.. não ... não pode. Hoje terá novo sabor, a expectativa - (1- Situação de quem espera uma probabilidade ou uma realização em tempo anunciado ou conhecido. 2. Esperança, baseada em supostos direitos, probabilidades ou promessas. 3. Estado de quem espera um bem que se deseja e cuja realização se julga provável.)

- Ai você chega .. lembra? rasga o Antonio Houaiss novinho em folha.,os pedaços se espalham pelo quarto, agora vazio de tanto amor.

Não vejo nada. Ouço alguem dizer lá dos anos 80 "Amanhã será outro dia".  

Caminho para a portão, saio e olho o céu, nuvens carregadas de água, assim como eu, respiro fundo ... acho q vai chover. 

Chupado do Jerico


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PROJETO MACABÉA INICIA SUAS ATIVIDADES AMANHÃ
October 14, 2007 at 9:27 pm · Tags (marcadores) arte, grupo, projeto, macabea, cultura

Saiu do forno prontinho, no ponto e do gosto da galera, o Projeto Macabéa. O Projeto é uma ação embrionária que nos levará a criação de um portal cultural que reunirá poetas, escritores, artistas plásticos, artesãos, fotógrafos, escultores, etc.

Além disso teremos oficinas, discussões e fóruns, conferências, painéis, responsabilidade social, interação com o leitor, fomento de talentos, lançamentos de obras, difusão das várias vertentes culturais, e muito mais.

No dia 04/10, esse Jerico que vos fala e que nas horas vagas tb. sabe fazer um Projeto (pasmem!), depois de 2 anos de pesquisa e contato com tanta gente antenada, convidou mais 20 pessoas (blogueiros ou não) alinhados com o propósito da coisa cultural e da disseminação da arte pela rodovia Internética A escolha foi feita de forma democrática e usando o critério da diversidade de pensamentos. Essas pessoas serão os membros do COMITÊ GESTOR DO PROJETO MACABÉA.

O convite não foi um prêmio, simplesmente é a “reunião da galera” sintonizada com a filosofia do “pensar é ato” e “sentir é fato”, como já dizia Clarice, a Lispector.

Cada indicado poderia indicar mais 2 pessoas. E assim foi feito. Pessoas de todos os cantos foram agregadas e taí gente: um sucesso!

As inscrições se encerraram no dia 12/10. Imaginei inicialmente que chegaríamos no máximo a 12 pessoas. Mas o mundo da arte sempre é assim: um susto reconfortante e que de repente dá um novo sentido a vida da gente. A adesão foi quase que total!

Colaboradores artistas serão convidados num próximo estágio, e se vc acha que pode participar com a sua arte escreva para andre@ideiadejerico.com.

TENHO ENTÃO A HONRA DE APRESENTAR O GRUPO QUE IRÁ TOCAR O PROJETO MACABÉA:

MACABÉUS E MACABÉAS, SEJAM BEM VINDOS!

PROJETO MACABÉA

Comitê Gestor:
Alan Marques - Anjo Torto
Alex - Cafeína
Alexandre Costa - Fábrica de Histórias
Alê Quites - Namastê
Ana - Mineiras, Uai!
André Oliveira - Idéia de Jerico
Armandóvsk - Colóquios Flácidos
Beca Caleidoscópica - Bocoiolá
Beth Salgueiro - Tudo pode acontecer
Carol Montone - Sob o Céu de Carol
Clóvis Campelo - Blog
Cátia - Rastros Dela
Fal Azevedo - Drops da Fal
João Lenjob - Blog
Karla Jacobina - 2 Dedinhos de Prosa
Lu - Uh, Baby!
Martha Galrão - Maria Mudiaé
Marília - Alvarenga Sempre
Monica Montone - Fina Flor
Mônica Sangalo - Rainha MAB
Prefeito Márcio Dal Rio - Bloganvile
RCésar - Amplo Universo
Renato Silva - Cidade nas Nuvens
Roberto Prado - Nêmesis
Tavinho Paes - Poema Show
Thiago Quintella - Canis Familiares
Viven - Casa da Mãe Joana

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

O calor tá comendo a vontade

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No estupor da andropausa, sinto os fogachos comprimindo os miolos e dissolvendo a vontade de tudo, de agir, de pensar, de trabalhar, de comer o almoço e o moço, desgraçada testosterona.
Sua presença uma sina, sua falta uma doença.
E calor e suor ... e calor.
Resolvi pesquisar sobre a triste não presença daquela que me traz também a insônia.
IHHHHHHHHHi.... fudeu.
A andropausa não dá ondas de calor.


Será  menô...??????????

domingo, 14 de outubro de 2007

Solidão



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Solidão
A manhã desponta, consciência
alucinada pelo ato profícuo do amanhã.
Nada mudou.
O anão que pesava no peito, carbonado agora,
alimenta-se da luz como se fosse o gelo da noite.
Preciso de ar.
Noite e dia completam o ciclo,
Puta que pariu que solidão.
Preciso de ar.
Inalo a dor.
Fumo um cigarro.


sábado, 13 de outubro de 2007

Mentiras



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Mentiras (09/10/07)


A dor é a esperança de ser, de sentir e não ter sido.


Ledo engano ... 


O  que possa ter levado a crer.


Estarei pronto até a metade do fim.



sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Pessoa


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Autopsicografia



O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
                                                    Fernando Pessoa

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Os Ombros Suportam o Mundo


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Carlos Drummond de Andrade



Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.


Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.


Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.


sábado, 29 de setembro de 2007

Trenzinho de Villa Lobos e o Tomaz

tomaz-copa.jpg


Tomaz tinha 03 ou 04  anos na época. Foi com seu pai   assistir uma peça INFANTIL de teatro - O TRENZINHO  DE VILLA LOBOS - no final da apresentação as pessoas estavam levantando para saida   - Tomaz continuava sentado em estado de espanto e decepção - O pai disse a ele que ja havia terminado a peça  e precisavam ir embora, o garoto que continuava sentado perguntou a pai - "Papai que hola que o tenzinho vai vilá lobo "

Tomaz beijo do seu tio que te amo muito .

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

para meu amor

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.. sinto seu querer, urgente e sem fronteiras... dor que não passa... água que não esfria. Estou aqui. O tempo  me presenteou com a paciencia do encontro. O momento é pleno de inocência e tesão. Te adoro meu amor

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Amor mais que discreto

anjo-dark.jpg 

Amor mais que discreto


Caetano: “Não sei se é certo a pessoa ser gay ou não. Só sei que é uma possibilidade”

Letra da música inédita “Amor mais que discreto”, de Caetano Veloso, que fala sobre o amor entre um homem mais velho e outro mais novo, que está em seu mais novo CD “Multishow ao vivo - Cê”. Em entrevista coletiva realizada ontem, Caetano confessou que, em seus shows, ninguém entende que a letra é gay. Será que as pessoas não entendem ou preferem não entender?

AMOR MAIS QUE DISCRETO



Talvez haja entre nós o mais total interdito
Mas você é bonito o bastante
Complexo o bastante
Bom o bastante
Pra tornar-se ao menos por um instante
O amante do amante
Que antes de te conhecer
Eu não cheguei a ser

Eu sou um velho
Mas somos dois meninos
Nossos destinos são mutuamente interessantes
Um instante, alguns instantes
O grande espelho
E aí a minha vida ia fazer mais sentido
E a sua talvez mais que a minha,
Talvez bem mais que a minha
Os livros, filmes, filhos ganhariam colorido
Se um dia afinal
eu chegasse a ver que você vinha
E isso é tanto que pinta no meu canto
Mas pode dispensar a fantasia
O sonho em branco e preto
Amor mais que discreto
Que é já uma alegria
Até mesmo sem ter o seu passado, seu tempo
O seu antes, seu agora, seu depois
Sem ser remotamente
Sequer imaginado
Por qualquer de nós dois

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

A companhia

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A companhia



Como pode ..
A distância fracassou,
o amor sustentou o querer e
fez-se presente.
O momento eternizou..
O frio sumiu ... o deleite dormiu cansado.
Abrir os olhos. A solidão molhada.
Acordei com você.

domingo, 9 de setembro de 2007

O Nascimento de um novo estado brasileiro

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Homens atiram contra trem com ministros
“O incidente ocorreu na manhã desta segunda 10/09/07, na favela do Jacarezinho, na zona norte da capital fluminense, quando as autoridades inspecionavam as obras de revitalização do acesso ferroviário à zona portuária”. (Estavam no trem os ministros dos Portos, Pedro Brito, e das Cidades, Márcio Fortes, e o secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes.)
(fonte. Notícias Terra).
Comentário do Blog
Uma historia de séculos atrás
Segundo IBGE existem 513 favelas na região metropolitana do Rio de Janeiro, quantidade que no Brasil só perde para São Paulo capital com 612.
Antropólogos cariocas afirmam que o aparecimento das favelas deu inicio com a volta da melícia que lutara na Guerra de Canudos no final do século XIX, para o Rio de Janeiro. Estavam à espera do pagamento do governo pelo soldo que nunca chegou. Sem casa para moradia sem alimentação, em estado de miséria, passaram a construir choças com material que dispunha no ambiente, matavam a fome comendo favas, semente leguminosa que trouxeram em suas bagagens do nordeste, que eram plantadas ao redor dos barracos daí se deu o nome favela.
Outros garantem que o inicio se deu após a abolição dos escravos, os negros libertos se embrenhavam nos morros e sobreviviam em condições de miséria e abandono social.
Daquela data até os dias atuais, o contexto favela passou por variadas nuanças, época romântica do Samba do Morro, dos malandros e das cabrochas e os descendentes dos soldados de canudos ou dos negros libertados, agora somados aos dissidentes da miséria nordestina, ainda esperavam a indenização concernente à reparabilidade pelos danos provocados pela indiferença e a perversidade da historia.
A espera foi ignorada e somada a colossal gama de problemas sociais nutridos pela ingerência política no decorrer dos anos, ao fator globalização e deste o convite ao consumismo desenfreado, a oferta publicitária dos bens de consumo que delimitam e marginalizam entre os que possuem e os que não possuem.
Nossa geração presenciou o fenômeno do big-ben social – A instalação clara da geração de um ESTADO NOVO, brasileiro e paralelo – O estado do Morro oriundo dos gritos das favelas, – Suas leis são duras, suas normas de conduta, seu código penal, não são fundamentados em nada do que nós conhecíamos, acreditávamos, concebíamos como legal, moral ou probo, mas para quem agora dita as regras do jogo, são praticamente corretas e solidárias ao que os fizeram acreditar - O poder Financeiro – aquele que compra fuzis armas modernas, carros bacanas, contas no exterior, drogas, palacetes, viagens e todos os balangandans ditados pelo furor do consumismo da moda, isso financiado com fundos na própria sociedade que historicamente sempre os ignoraram, mas que agora os temem pelos atos perversos, atrozes e cruéis que utilizam para essa conquista.
Poder Financeiro que mata ou compra os próprios senhores fazedores de leis e promovedores  da paz do ESTADO ANTIGO; Poder herdado por tudo que não foi investido, por tudo que foi desviado e dado de comer e gozar aos homens do poder social e político.
E nós cidadãos probos do estado antigo, como vamos adequar ao Estado Novo.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

art decô e Tamara de Lempicka







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Art Decô (Arte decorativa)
Sucessor do Art Nouveau (Arte Nova), o Art Decô é considerado o mais popular de todos os estilos.
O Art Decô manifestou-se sem limites em todo o mundo.
Nos anos 20, nos Estados Unidos, o Art Decô conviveu com o jazz, com o Charleston, com Fitzgerald, com o crack da bolsa de New York.
Na França, estilistas escandalizaram a França e a Europa encurtando as saias acima do joelho.
Na Alemanha o Art Decô foi levado às ultimas conseqüências torno-se o estilo que os designers alemães queriam para massificar e popularizar o desenho industrial.
Marcado por duas grandes guerras, 1914 – 1918 e 1939 - 1945, no meio desta ebulição de inspiração e arte, encontramos a artista plástica Tâmara de Lempicka. Figura musa do decô.
Vamos ser pertinentes com este Blog... Ela foi um anjo torto no Art Decô.

Tamara de Lempicka
Nasceu em 1898 na Polônia. Casou-se com um milionário russo. Em 1918 foge da Revolução Bolchevique para Paris, onde Maria Gurwik-Górska encontraria seu verdadeiro destino. Adota um novo nome – 'Tamara de Lempicka', tornando-se discípula do pós-impressionista Maurice Denis e do neocubista André Lhote. Do primeiro, herdará o colorido brilhante e sólido; do segundo, o desenho geométrico e a maneira de decompor os volumes.
Se tornou rapidamente personagem do circuito das artes dos 'années folles' da Paris nos anos 20, retratando a vida mundana e membros da nobreza.
Em 1925 já era famosa por seus casos extraconjugais, liberdade sexual, bissexualidade e pelo sucesso de suas exposições individuais.
Em 1939 mudou-se para os Estados Unidos.
Bela, emancipada, moderna e escandalosa, personagem das noitadas nova-iorquinas e dos salões parisienses de Arte, Tamara de Lempicka encarnou a 'folia' dos 'anos loucos' – as décadas de 20 e 30 do século passado. Poderia notar em sua companhia celebridades como Greta Garbo, Picasso e outros da época. Eram esplendores que camuflavam o abuso de cocaína, a depressão, as dificuldades nas relações familiares e, por fim, a solidão.
Em 1962, para de pintar, em 1978 muda-se para Cuernavaca, no México, aonde viria a falecer, em 1980.
Conforme expresso em seu testamento, suas cinzas foram dispersas, pela filha Kizette e o Conde Giovanni Agusta, sobre o vulcão Popocatepetl.

O Art Decô teve seu revival, voltou a ser moda nos anos 70 e 80.


Uma coisa me surpreende, a maioria dos artistas mais conhecidos, poderíamos mencionar vários, com raras exceções, viveram na miséria mal conseguiam vender suas obras... morreram doentes, alcoólatras, viciados, loucos e na miséria em que sempre viveram.
Tamara de Lempicka nasceu na riqueza, viveu na nobreza, foi bem sucedida, vivia rodeada por ricos e celebridades da época, teve todos os homens e mulheres que desejou.
Morreu solitária, depressiva e desejou que suas cinzas foram colocadas em um vulcão mexicano.
Imagino que o desejo esteja ligado ao fato de que os vulcões são indomáveis e são veículos de renovação da terra do planeta.
Apesar da situação paradoxal, vejo um sentimento comum entre aqueles ... desde Michelangelo, Van Gogh, Alejadinho e poderíamos pensar em cazuza, Torquato Neto e tantos outros que povoaram esse planeta, a insatisfação da criação .. Sempre procurando a criatividade maior, a Monalisa de cada um.
Será que por esse motivo foram geniais. Procuravam o prazer desenfreado como quem procura saturar o desejo de serem plenos.
Muitos se perderam na busca atroz de encontrar a perfeição absoluta e o estado de sublimação de seres humanos. E nós o que procuramos, acho que jamais serei um artista... me satisfaço com o simples fato de ser.

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terça-feira, 4 de setembro de 2007

Medo




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 (Con)viver com palavras não é fácil, principalmente se a nossa necessidade de palavras for uma ânsia. Às vezes fica difícil saber se habitamos as palavras ou se são elas que nos habitam. Esse atrito cruel entre presença e fuga, controle e descontrole, compreensão e incompreensão. Mas o melhor de tudo é que, por mais que doa, e dói muito, a coisa toda é muito prazerosa. Penso que escrever é nos atrevermos, corajosamente, à arqueologia do espelho.

Hoje entendo claramente o meu medo. Simplesmente medo, aversão às imperfeições do espelho, de confrontar com a lucidez cristalina da materialidade da palavra a obscuridade da intimidade mais funda aflorada na trama da nossa escrita, do nosso texto. Quando escrevemos nos tornamos um prato cheio para a voracidade do bom leitor, aquele que lê nas entrelinhas, nos silêncios, nos não-ditos, na intenção que se entortou no meio do caminho e contornou a pedra, a nossa fragilidade toda à flor da palavra que mais confirma quanto mais se nega...

A hora e a vez do anjo torto

A hora e a vez do anjo torto



O poeta Torquato Neto será o grande homenageado da 5ª edição do Salipi - Salão do Livro do Piauí -, que acontece no período de 4 a 9 de junho. Para o idelizador do evento e um dos organizadores Cineas Santos, em vida, Torquato Neto "foi incômodo como um espinho fincado na carne ou, para ser mais preciso, "escorpião encravado na sua própria ferida". Iconoclasta, irreverente, provocador e, acima de tudo genial, viveu apenas o bastante para "desafinar o coro dos contentes"". Ainda de acordo com Cineas, "a passagem de Torquato Neto pela cultura brasileira foi rápida e fulgurante como a de um cometa. Desapareceu no breu da noite, deixando um rastro de luz que ainda hoje nos atordoa. Carece dizer mais?".

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

06 anos sem Milton Santos

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Milton Santos: nascido no sertão bahiano, , formado em direito, Geógrafo doutorado na França, professor da USP , escritor e intelectual. Faz 6 anos que faleceu o professor Milton Santos, em 24 de agosto de 2001. Há 09 anos deu uma entrevista a Revista CAROS AMIGOS, resgatei alguns trechos da entrevista que provavelmente nos trará saudade da genialidade do professor Milton e para aqueles que não conheceram seu pensamento a certeza da perda de uma personalidade impar e brasileira.
Depoimento dos entrevistadores:
“A placidez, a serenidade, a fala lenta e pausada, os gestos naturais, os silêncios, o sorriso permanente, a risada aberta e gostosa, tudo nele irradia humanidade. Estar a seu lado traz a segurança de estar perto da sabedoria.”
Frases do entrevistado:

“ ... a solidariedade, não existe mais no Brasil.  A forma como se trata os aposentados – há um contrato da nação que cada pessoa cumpriu a vida inteira, e no fim dizem a ela: “Esse contrato não vale mais”. E isso é aceito! Então os diversos capítulos do que seria a solidariedade são bafoués, largados, e uma parte da sociedade aceita como normal porque estamos “no caminho da modernidade, para ser primeiro mundo”.”

Sobre o MST:
“Primeiro vejo como esse grito que a maior parte de nós não pode dar, não quer dar, que não nos convém dar. E creio que esse fim de século é dos paradoxos. Paradoxo é a contradição em estado puro, não é? Então, ao mesmo tempo em que o MST é criticado, ele é apreciado, pelo que contam as pesquisas.”
“... dizem-nos que o direito é para ser obedecido, quando na realidade ele é para ser discutido, pois o direito é o resultado de um equilíbrio provisório que se cristaliza – mas a sociedade continua dinâmica, então não se pode imaginar o direito assim imóvel como o querem. “
A política é feita pelas grandes empresas. Os políticos não fazem política, o aparelho de Estado não faz política, são porta-vozes. O povo faz política, os pobres é que fazem política . Porque conversam , porque conversando eles defrontam o mundo, e buscam enfrentar o mundo. E agem, quando podem, em função do mundo. Creio que essa é a questão do MST.”
“...é a ditadura da informação, e informação criadora de mitos e de símbolos que são a base da globalização...
O movimento da sociedade desprende o mito, desprende o símbolo. Tanto que os outdoors são mudados com o propósito de recriar a propaganda eficaz.
Então há um limite à vida dessas ideologias, e será que esse limite está chegando? Qual é o limite do Real? Qual é o limite, por exemplo, do cálculo da inflação?
A classe média vive do crédito. Ela deve, todos devem. Todos devemos. A gente paga. O custo do dinheiro é o custo da inflação oficial?
Outra coisa, a cesta básica. Vivem falando dela. Mas e os desejos? Sou chamado a ter mais desejos, pela publicidade incessante. Mais coisas foram criadas para me serem oferecidas . e a cesta básica fica imóvel. O resto não. Então, haveria que produzir outros discursos para apressar o limite da saturação do sistema ideológico que está por trás da globalização e do sucesso dos governos globalitários. Só que os partidos partem da análise dos economistas.”
NOTA:

Estreou dia 17 de agosto o documentário do cineasta Silvio Tendler, En

domingo, 2 de setembro de 2007

orhan pamuk



categorias: literatura, cotidiano




Atualmente estou lendo o livro de O. Pamuk, escritor Turco e premio Nobel em 2006. - NEVE
Neve conta a história do poeta e jornalista Ka, um exilado político que vive na Alemanha, mas que volta para sua cidade natal na Turquia, chamada, vejam só: Kars (que significa Neve, em Turco).
Ka pretende escrever uma matéria sobre Kars para um popular jornal da Alemanha e também investigar o estranho aumento repentino de suicídios entre as jovens da cidade. Durante a viagem, ele lembra de uma antiga colega chamada Ïpek, uma moça divinamente bela, pela qual ele se apaixona em um piscar de olhos.
O conflito político e religioso é intenso e envolvente, ao mesmo tempo que mistura o romance entre Ïpek e Ka, impregnado com os valores quase exóticos da cultura oriental.
As duas facções principais são os islamitas radicais e os chamados secularistas (ou ateus), que inclusive estão disputando as eleições na cidade. A principal escola - a Escola Secundária - proíbe as moças de entrarem vestindo seus mantos, que são uma marca bem forte de sua religião. É a partir daí que se iniciam as especulações de Ka, que tenta entrevistar familiares das suicídas, apesar de não ter muito sucesso.
Fato interessante é que apesar de o livro tratar da religião islamita — na qual Deus se chama, na verdade, Alá — esse nome não aparece sequer uma vez no romance e também pouquíssimas vezes o nome do profeta Maomé é citado. Isso me levou a pensar se não foi um caso de censura da tradução — que partiu do Turco para o inglês e daí para as demais línguas. Será?
Gostaria de comentar com alguém que ja leu o livro.
Ferit Orhan Pamuk (Istambul, 7 de junho de 1952) é um escritor turco.
Nascido no seio de uma família rica de Istambul, estudou no estrangeiro Engenharia, Arquitetura e Jornalismo. Todavia, preferiu dedicar-se à Literatura, a partir de 1974.
O projecto teve continuidade até hoje e é tido como o maior romancista turco da atualidade, com obras traduzidas em mais de trinta idiomas.
Tornou-se polémico ao acusar, num artigo de um jornal suíço, por si escrito, seu país de ter cometido genocídio contra o povo armênio, aquando da decorrência da Primeira Guerra Mundial e o assassinato de 30 mil curdos, a posteriori. O caso foi levado à justiça turca, e Pamuk teve mesmo que prestar declarações em tribunal. Este caso teve polémica internacional e o romancista tornou-se conhecido um pouco por todo o mundo