sexta-feira, 30 de novembro de 2007

vai chover

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sozinha na sala


na TV falavam em dia ensolarado.


encolhida na poltrona, observava  o relógio,


era quase o fim.


preparara no dia anterior a roupa, o cabelo, o perfume, as flores.


ele chegaria e após o beijo, o amor em cama de lençóis novos,


treinava no espelho o olhar, os gestos as posições, gargalhava sozinha.


um toque na porta a fez despertar.


o medo.


o toque na maçaneta polida a flanela,


o coração descompassado.


não havia ninguém,


apenas o vento a lembrar da solidão. 


 


terça-feira, 27 de novembro de 2007

meu colo

rodin “Obeijo”


    rodin “Obeijo”


você chegou com cheiro do mato 


tardou aconchegar no meu colo


fez  meu corpo seu lugar.


ilumino  sua chegada.


com você


volto o tempo


salgo o café


ponho doce na carne  


sua voz me faz arrepiar


perco completamente o pudor 


entorno de prazer


molho na  sua vontade.


Com  medo do amanhã


seu segredo é velado


esconde embaixo da cara


liberta o sorriso


a pele fica feliz.


adoro seu moço amor.  


quarta-feira, 21 de novembro de 2007

morte








rosas.jpg


ela chega a  tarde,


espreita a noite.


nada de foice


traz um saco de saudade.


muitas vezes o alivio vem ao seu encontro


outras


vem surfando despreocupada na onda gigante ou


escondida no umbigo do homem lunático,


nestas horas trabalha incansável com o sedeiro.


extermina o coxo, o filho o avô


não tem medo do escuro


se deleita na manhã  de sol


chega de mansinho pega o menino no colo


dá-lhe  um beijo na fronte.


leva o gado do moço


bebe o café e fuma.


cria o caranguejo que mata.


sai do meu pé sua vagaba


pula do trem


vai fazer amigo no planalto ou na casa branca


pega sem compromisso.


tira o gorro, mostra a cara, joga arma fora, 


veste roupa amarela e


deixa o menino em paz.


 cartas_tarot1.jpg

A leveza




Podemos dizer que duas vocações opostas se confrontam no campo da literatura através dos séculos: uma tende a fazer da linguagem um elemento sem peso, flutuando sobre as coisas como uma nuvem, ou melhor, como uma tênue pulverulência ou, melhor ainda, como um campo de impulsos magnéticos; a outra tende a comunicar peso à linguagem, dar-lhe a espessura, a concreção das coisas, dos corpos, das sensações. (Seis propostas para o próximo milênio, Calvino, I

Acredito que todos os que gostam de se expressar com palavras - e não só os poetas - se deparam com essa dupla qualidade de todas as línguas: muitas vezes, ao desejar ser rápido, tomar a linguagem como uma faca afiada que perfura e faz sangrar, parece-nos estar segurando um peso enorme, opaco e sem saliências ou reentrâncias que permitam ser manuseado. Ela permanece diante de nós: intacta, transformando o mundo todo em pedra diante de nosso desejo. Se uma tal variação tem cheiro, cor, textura, forma e densidade, como a Medusa do mito exige também ser tratada com delicadeza, tanta leveza quanto formos capazes numa aproximação - que por sua vez não pode ser direta, mas obedecer a todos os protocolos  requeridos por ....deuses.

Se entretanto tentamos tomar a linguagem como um objeto de estudo – espelho através do qual entrevemos outros tempos, pessoas, situações, conflitos, idéias....ela nos parecerá difusa, volátil, tão mais transparente quanto for a nossa capacidade de explorar sua densidade. E essa nossa capacidade, mais uma vez, estará ancorada em desvelo mais do que impetuosidade, em devoção mais do que em perspicácia, em capacidade de aceitar mais do que de análise.

Talvez pareça um tanto parnasiano esse texto, mas não posso fugir de meus atuais embates, na escritura da tese...como diria o poeta: sinto-me só e nua, no escuro.


medusa2.gif      



segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Perfeição - por André Pinheiro


bruegel-a_queda_dos_anjos_rebeldes.jpg






perfeição


  


jogo fora tudo que é perfeito. padrozinado, limpo, reto.


moralmente abençoado, benquisto, sacramentado.


fodam-se as regras do governo.


renuncio ao bem-aceito e aproveito para


convidar: vamos celebrar o imperfeito!


sou o fruto podre, a rima pobre, a grana pouca.


comigo carrego a inexatidão da miopia, o mais


impróprio improviso, a falha na percepção. o golpe


brutal, o dobrar das pernas, o inexorável tombo


e o beijo na lona. a boca seca, a tontura da ressaca,


o desencanto de um pênalti perdido. a merda no calçado,


o tropeção. o xeque-mate me persegue. sou


o eterno vice-campeão, participante desolado da segunda divisão.


sou profeta do caos, amante do erro, padroeiro


do infortúnio. repudio a precisão, digo não a todas


as virtudes. faço-me ouvir na nota errada


do músico amador; na voz estridente do cantor


desafinado. sou o palavrão, o mau-cheiro, o antibelo.


desilusão, desdita. o beijo negado, o amor


não-correspondido; a pele escura, a celulite, a cicatriz,


a flacidez. a palavra mal-escrita, o erro na pontuação.


a fala fanha, a calvície, o aleijão.


vagabundo, anti-herói, anjo torto, cicerone


do inferno. palhaço, matuto. andarilho coxo, malabarista


trêmulo. não tenho pátria, língua, religião. nada


me pertence, nada me conduz, nem me consola.


sou a amnésia, avesso da história. destruição.


do mundo sou a escória. caminho de mãos dadas


com o vício, a falência, a perversão. no bolso esquerdo


levo pragas, tempestades. pesadelos, viração.


mensageiro da incerteza e do fracasso,


exerço a minha fúria no parar de um coração.


não é muito bom estar aqui. sinto-me desonrado


com a vossa companhia.


muito desprazer, pode me chamar Imperfeição.


Achei o poema muito bom e  pedi ao andré pinheiro para publica-lo. Obrigado André.

do bolg  http://vivaverve.wordpress.com/



                            


                                  

sábado, 17 de novembro de 2007

teu pé

betty-goodwin.jpg 



 acariciar-lo é como voltar de longe


é estar perto do absoluto.


senti-lo.


tocar com os  lábios


por entre dedos  e curvas.


roçar a língua


sentir o frio da carne.


acender a fogueira.


medir a perfeição do contorno.


contemplar.


degustar o tesão.


palpar sua ira


proporcionar o descanso do dia tenso


pegar no colo


é quase orgasmo  .

Já é dia ...

foto john max


foto john max 


a festa rola,


pessoas mascaradas esperam a sobra da noite.


o roto rala e rola na pista cega.


inspiração etílica.


sombras sobrevoam.


a música é quente.


o corpo.


o gelo do copo.


o suor exala o desejo encarnado.


odores se misturam.


os corpos


enroscam-se,


esfregam-se.


a sua ausência chega e


não vejo mais nada.


o gozo não veio,


já é muito tarde,


dancei como nunca.  

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

A Insustentável beleza

“Não há, na realidade, nem estilo belo, nem desenho belo, nem cor bela. Existe apenas uma única beleza, a beleza da verdade que se revela. Quando uma verdade, uma idéia profunda, ou um sentimento forte explode numa obra literária ou artística, é óbvio que o estilo, a cor e o desenho são excelentes. Mas eles só possuem essa qualidade pelo reflexo da verdade”  François-Auguste-René Rodin.      



                                                 Eternal Idol (1889), Auguste Rodin 




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A beleza tem me surpreendido muito, seja na leitura de um texto literário ou na presença de uma obra artística, tenho cada vez mais a constatação de que os olhos são insuficientes para captar a harmonia, a beleza.  

Peguei-me várias vezes perdidamente arrebatado pelo feio, pelo deformado, pelo insignificante ou pelo ilógico ao primeiro olhar.

Rodin o mestre do belo, nos dá a conotação exata da beleza.

É necessário embrenhar-se pelo que há de vivo no ser, resgatar a verdade profunda escondida no eu de cada um. Temos a incomensurável necessidade de libertar verdades para que possamos enxergar ou sentir a beleza, precisamos desvencilhar das belezas pré-estabelecidas pela cultura hipócrita do belo, do simétrico ou até do assimétrico e abraçarmos sem preconceito ao que há de novo na diversidade de cada eu artístico. O medo de modificar “belezas” ou da exposição ao “ridículo artístico” tem abortado idéias e ideais que poderiam ser geniais.

Portanto de encontro com a verdade, sem medo do escapismo hegemônico da beleza triunfal, sem medo daqueles que ainda acreditam em apresentações artísticas perfeitas, dou vivas ao novo, ao indecente, ao belo de cada eu.

Louco muito louco

duas mãos A. Rodin


duas mãos A. Rodin


 loucura é ter você


loucura é ter você e nunca ter te visto


ter você?


E o mais louco


me sinto feliz. 

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Geração BeBê Have Bindeez

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 O Brinquedo Bindeez  prometia ser o best-seller deste Natal



”São bolinhas que em contato com água tem a propriedade de colar uma nas outras e formar desenhos, leva normalmente uma camada de um produto químico, o 1,5-pentanediol. Mas, por razões ainda desconhecidas, outro produto, o 1,4-butanediol, foi utilizado. O produto, ao ser ingerido, se transforma na substância conhecida como GBH, ou ácido gama-hidroxibutírico, uma droga de laboratório muito usada em festas por seus efeitos alucinógenos e com potencial letal – O Êxtase. O brinquedo teria levado cinco crianças que ingeriram suas bolinhas a vomitar e perder a consciência.” Fonte: Folha de S. Paulo + Gazeta do Povo.



Gentemmmmmmmmm o que é isso??????????????


Vamos Combinar -   O mesmo bebê que andou tomando água oxigenada + Soda Cáustica + ácido cítrico no leite , também ta tomando êxtase no brinquedinho trazido pelo Papai Noel.  


.... Que mundo é esse?

Papai Noel ....... cadê você que não me ouve?



Tô bege, Tô pasmo...

Tudo pela porra  da liquidez da economia global ...



A Humanidade precisa ainda aprender muito com os bichos.



Fodam-se Homens... Fodam-se e não multipliquem mais.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

O leite

leite.jpg




 E eu, que estava quase morrendo, pensei que fosse a cachaça ... 

Era o Leite ///




domingo, 4 de novembro de 2007

Preciso de um divã

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ah-xian-chunabust-43.jpg


  Estou aqui pensando, no vazio que sinto quando  acabo de ler um bom autor,  não tenho muito tempo e demoro com a leitura, cada pagina é degustada de forma diferente e deixa não só o que foi lido, mas também é somado com situações e acontecimentos do dia, da fase com que estamos vivendo. É como se esses acontecimentos fossem marcadores das páginas.. A convivência diária com os personagens, a interação com a historia nos deixa  meio que desamparados no término do livro.Essa sensação eu experimentei quando terminei o livro NEVE de Otham Pamuk. Já comentei a historia em outro post, e assim tenho mais uma lista de autores que me proporcionaram o mesmo sentimento, entre eles, O Morte em Veneza de Thomas Mann, O Germinal de Zola, se bem que atualmente tenho lembrado muito de As Relações Perigosas de Choderlos de Laclos. Acho que preciso urgente de um bom divã. 


quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Casal Punheta

20070610-fatima-bonner.jpg


 


Já faz tempo que desisti de ver  o jornal nacional da tv Globo, mais fico puto e embucetado  toda vez que vou visitar alguém e a primeira imagem que se tem quando abre a porta da entrada  é a  TV 29 polegadas, rija e ereta no meio da sala, junto com o cachorro e a sogra,  exibindo o referido jornal, tenho que engolir e assistir os olhares do galã de quermesse (faz tanto tempo que não ouço isso)  do Willian Boné e os trejeitos de bailarina paraplégica da Fatinha Bundardes.

Em uma ocasião dessas, quando veiculava em todos jornais o acidente com o boing no Aeroporto de Congonhas, não esqueço a cara do Willian – vestido de terno, camisa e gravata preta, fazendo matéria fora do estúdio global, dava informações repetitivas, sempre focando a morte a desgraceira das vítimas como se tivesse comprando docinhos de abóbora, sua fisionomia era de quem estava tendo um orgasmo múltiplo após sair de uma prisão perpetua, comentava as notícias com a esposa amada  com se dividissem balinhas na matinê do domingo. E a cara da safada da Fatinha quando dá noticia do futebol, principalmente no que se refere à seleção perneta brasileira, ela revira os olhinhos, bate o cabelinho chapinha, balançando a cabecinha e troca olhares com o porra do marido – Tipo ta vendo como eu sei – ta vendo como sou boa -  a cada noticia dada é um sorrisinho bege de batom cor do toba da mãe dela.

WILLIAN E FATINHA VOCÊS SÃO PÉSSSSSSSSSSSSSIMOS