sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

sobre o carnaval de Monte Santo de Minas

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O carnaval da inalterabilidade


 


Partindo da premissa  que para perpetuarmos a espécie humana necessitamos  da história e da cultura de um povo e que o carnaval utiliza  ingredientes  lúdicos e fabulosos como ferramentas  para transmiti-las  às platéias.


Digo que a  mais de trinta anos assisto ao mesmo   filme, nas ruas monte-santenses: a disputa das inúmeras penas e brilhos pendurados nas mesmas pessoas,  de forma bastante comum e inalterada no decorrer do tempo.


A vitória sempre é bilateral, cada troféu fica  guardado nos guetos familiares, nas conversas das comadres,  demarcadas por uma posição geográfica urbana.


Onde está  a contribuição do pagamento da dívida cultural popular?


Onde se encontra o passaporte cultural para a historia?


Podemos responder, cinicamente,  na concessão da permanência da classe de menor poder sócio-econômico em cultuar  o  brilho de seus senhores.


Já chegou a  hora das agremiações carnavalescas de Monte Santo se preocuparem em dar ao povo a sua contribuição cultural.


As pessoas merecem muito mais, no mínimo, o exercício mental de descobrir o novo, o contato com a informação.


O poder público investiu e inovou  na infraestrutura,  contribuiu financeiramente para com os blocos,    proporcionou  o conforto merecido para  a platéia, falta agora exigir dos dirigentes e carnavalescos  o pacto sócio-cultural  para a população.


Enquanto expectador  ai vai uma sugestão - um enredo, um tema para 2010, que seja inovador e veículo de conhecimento a nossa gente, caracterizado pela ousadia de colocar o novo na rua.

13 comentários:

  1. Alan realmente concordo com vc. que não existe mais criatividade e ousadia no nosso carnaval.Os últimos foram uma repetição de pessoas e enredos.Acho sua critica e proposta válidas.

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  2. Achei coerente os argumentos relativos a "mesmice", mas realmente o que me encantou, aproveito para abraça-lo, quando disse: " ... em dar ao povo a sua contribuição cultural" que vai além das plumas e paetês.

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  3. Uau! Crítica muito lúcida, apropriada... mas um tantinho parcial, na minha opinião: há a mesmice, há o divórcio entre uma certa cultura popular e os temas, enredos e mesmo as personagens que a cada ano desfilam na avenida.
    Mas não podemos também deixar de valorizar o trabalho das pessoas que "montam" o carnaval, a grande maioria delas pertence às classes populares e, de alguma maneira, acabem deixando suas marcas nos produtos, seu jeito de ver e fazer as coisas...e isso também é cultura.
    Mas achei um texto corajoso e, se visto como crítica construtiva, pode ser muito útil. Grande beijo.

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  4. Ola amigo sempre contribuindo para o crescimento do ser humano hein...saudades montesantenses...bjkas
    Marcelo OLiveira

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  5. Dear Alan,fui conferir, nao sei deixar comentarios, sorry me, mas como sempre vc é ímpar, por essas e outros carnavais que te conheço que te adoro,
    bjs
    ana piccinini sempre

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  6. Muitas vezes, uma opinião contrária ao esperado pela massa é vista como degradante ou minimizadora do objeto ou individuo a quem se destina a crítica. Criticar o evento carnaval em suas deficiencias não é desmerecê-lo em suas virtudes e sim abrir o tema à discussão. Digo que Alan Marques, quando faz sua crítica,o fez com consciência e embasamento. Uma Escola, mesmo que de samba, que não promove cultura e reflexão perde seu carater primeiro. Um grupo que se propõe comunitário e não promove a comunidade e seus membros mais carentes também perde seu carater.
    Acredito que muito se poderia lucrar envolvendo nossos asilados na confecção das alegorias. Ensinar a arte de bordados, escultura, pintura, harmonia e demais dotes, que as escolas todo ano mostram saber fazer tão bem, aos membros mais carentes de nossa comunidade seria promovê-los e capcitá-los.
    Parabnes Alan Marques pela reflexão.

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  7. Concordo em número e gênero com o comentário anterior. As portas dos barracões das duas Escolas estão abertas a quem quiser entrar e trabalhar. Idéias inovadoras são sempre muito bem vindas. A comunidade carente monte-santense será totalmente bem vinda. Mas a questão é: ONDE ESTÁ O POVO? Por que não aparecem nos barracões? Por que não simplesmente descruzam os braços ao assistir os desfiles e aplaudir?
    Será porque esse mesmo povo nem sequer entende qualquer enredo superior ao entendimento popular (que inúmeras vezes é criticado por simplesmente não ter sido sequer entendido)?
    Creio, pois vivencio o carnaval de Monte Santo de dentro dos barracões e ao longo do tempo vejo pessoas se afastarem por diversos motivos mesquinhos. Sempre criticando o suor e o sangue que muita gente APAIXONADA por carnaval oferece entre agulhas, linhas e colas-quentes.
    UNIAO... é disso que o carnaval de Monte Santo precisa. Afinal de contas o PODER PÚBLICO não pode se gabar das verbas oferecidas, por que não se pode fazer milagre. Especialmente quando não há pessoas pra ajudar. E quanto à infraestrutura, ainda está longe de ser perfeita para que se possa exigir alguma coisa de alguém.
    Uma nova geração está vindo por aí. Inspirada naqueles que sempre fizeram de tudo para que o carnaval daqui (que aliás, é a única época em que esta cidade deixa de ser FANTASMA) não morresse, e NUNCA serão esquecidos. Críticas serão sempre bem vindas, mas claro, com fundamentação e senso crítico verdadeiros.
    Como diz a saberia popular (tão invocada nesses argumentos): "Criticar é fácil..."...

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  8. Não gosto de carnaval nem de futebol. Embora sejam consideradas mundialmente como a "Cara do Brasil", vejo nestas manifestações culturais marcas do subdesenvolvimento que nos assola desde que os europeus chegaram.
    No entanto, já que o meu não reconhecimento destas manifestações culturais nem de longe arranha o gosto dos brasileiros, corroboro com as idéias do Alan. Por que não usar do carnaval para levar um pouco mais de possibilidade para o povo? Talvez as plumas, lantejoulas, músculos e bundas ficassem mais bonitos, menos alienados. Diferentemente do meu querido Chico Buarque, fico sempre me preparando para "quando o carnaval acabar".

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  9. Que melhor Carnaval existe senão este em que o Mundo está mergulhado?
    São máscaras de porcelana colocadas em Governantes e Empresários, que ao mínimo escorregão caem e partem, para vir logo um amigo por trás e "emprestar" uma de substituição.
    Ainda falam de Carnaval?
    Façam-no não para mascarar, mas sim para desmascarar essa gente que trabalha em função do Poder, da Inveja e do Ódio ao próximo.

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  10. No último carnaval eu não estava em Monte Santo, mas gostaria de saber como foi o evento no novo local — sambódromo.Alguém sabe me dizer se valeu o investimento, foi a solução? Ou só alguns poucos privilegiados conseguiram assistir ao espetáculo confortavelmente?

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  11. willian cabral longo29 de março de 2010 às 15:30

    concordo um pouco com vc, mais este ano ajudei no barracão do belém que é minha escola, e só então pude entender um pouco como o trabalho é arduo, trabalhando quase o dia todo ate 11:00 da noite, sabado, domingo, feriado, vendo isso eu pude dar valor ao nosso carnaval, como é importante um aplauso, vc pode ter certeza que nóis fazemos de tudo pra dar o melhor de nós, se nos falta criatividade, venha junte-se a nós, e venha decobrir como é cansativo mais também gratificante quando colocamos a escola no terreirão pra desfilar, e mais emocionante ainda o aplauso e o sorrisso do povo que prestigia, não vamos deixar o nosso caranaval morrer, tire um tempinho uma hora sequer, e venha ajudar-nós com o que puder seja no Braz ou no Belém não importa o importante é ser um cidadão ativo, e participar do que é nosso. o nosso carnaval.
    O Blog esta de parabéns.

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  12. achei vc juro nao imaginei q vc tammbem era critica to imprecionado com vc parabens

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  13. kkkkkkk e por falar em trio elétrico.... aqui em Monte Santo tudo é inedito
    até TRIO ELÉTRICO PARADO pode?????? Acontece cada uma aqui viu, até Deus duvida. E carnaval é no "TERREIRÃO" e tenho dito, nunca vi um carnaval tão RUIM como o desse ano...MISERICÓRDIA!!!!! Fui.......

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