sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Nunca gostei das rosas

Originária da Ásia, família Rosaceae, do gênero Rosa. Foram encontrados fósseis destes espécimes datados de   35 milhões de anos. 
A rosa é a flor de maior simbolismo no mundo,  de acordo com o mito grego, Afrodite quando nasceu das espumas do mar, tal espuma tomou forma de uma rosa branca, assim a rosa branca representa a pureza e a inocência. Conta o mito que quando Afrodite viu Adônis ferido, pairando sobre a morte, a deusa foi socorrê-lo e se picou num espinho e seu sangue coloriu as rosas que lhe eram consagradas. Assim, na Antigüidade as rosas passaram a ser colocadas sobre os túmulos, sendo uma cerimônia chamada pelos antigos de “Rosália”. Todos os anos no mês de maio enfeitam-se os túmulos com rosas. 

No Egito a rosa foi consagrada a Ísis que é retratada com uma coroa de rosas, o miolo da rosa fechado passou a simbolizar o  segredo.
 Era um costume medieval colocar uma rosa no teto das salas onde se conversavam assuntos sigilosos. Com o tempo passou-se a pintar rosas nos tetos das salas e posteriormente se tornou um estilo da arquitetura clássica. 
Na tradição Hindu, a deusa  Lakshmi (deusa do amor), nasceu de uma Rosa. Simbolismo da beleza e da pureza, perfeição em todos os sentidos, na idade média a Rosa passou a ser símbolo da virgem Maria por significado de pureza. As rosáceas das catedrais góticas foram dedicadas a Maria como emblema do feminino em oposição à cruz. Os rosários originais eram feitos com pétalas de rosa. A palavra “rosário” deriva do latim “rosarium” que significa roseiral. 

O imperador romano Nero era louco por rosas. Durante generosos jantares, pétalas de rosas choviam do teto para o banquete. 
Durante os séculos XVI e XVII, a rosa apresenta-se também inserida no simbolismo do Bouquet de Noivas, como forma de “espantar” ou “disfarçar” algum mal odor exalados de algumas partes do corpo; já que naquela época os hábitos de higiene pessoal não eram frequentes.  Também podemos encontra-la em inúmeras obras da literatura mundial:
-No épico de Luís de Camões, Os Lusíadas -  - "Amor, que o gesto humano n'alma escreve, Vivas faíscas me mostrou um dia, Donde um puro cristal se derretia, Por entre vivas rosas e alva neve." 
-Fernando Pessoa - "Segue o teu destino... Rega as tuas plantas;  Ama as tuas rosas. 
O resto é a sombra de arvores alheias. "
-Cartola - "As rosas não falam, simplesmente exalam o perfume que roubaram de ti." 
-Sheakespeare, em Romeu e Julieta, com uma única frase, definiu  esta flor: “aquilo que chamamos de rosa, com outro nome, seria igualmente doce”. 
- E até no guerrilheiro Che Guevara - "As tantas rosas que os poderosos matem nunca conseguirão deter a primavera."
Carregada de glamour, romantismo e simbolismo, além da ligação com os mortos, histórias mitológicas de amores trágicos, a rosa encontra-se com grande importância em diversas religiões, filosofias, brasões, emblemas, sociedades e culturas e também  destacou grandes personagens envolvidos em muitos episódios marcantes da história do mundo.

Apesar das grandes exortações a rosácea, confesso que nunca gostei de rosas, nada que aponte para  um motivo especial, está implícito na flor,  a beleza, a maciez das pétalas incomoda meus sensores terrestres, assim quando vejo pessoas muito educadas e muito cuidadas, logo imagino o ardor dos espinhos que estão por traz de um contato mais íntimo. A fragrância me enjoa, doce demais. Aprecio os amadeirados, os amaros e os toscos. A inocência da rosa só poderia estar na mitologia e na metáfora dos poetas. 
Talvez quando em seu estado selvagem, florescendo nos bosques asiáticos e persas, poderia simbolizar algo mais transcendente. 
Hoje só consigo lembrar das garotas de batom vermelho, frequentadoras de bares pulguentos e quermesses quilométricas,  onde as rosas são oferecidas enroladas em papel barato; Também pelos filhos caídos de remorso  e que no dia dos mortos presenteiam seu pais com um ramalhete de rosa caras; 
Amantes afoitos pelos hormônios e a libido vertiginosa  oferecem bouquet adornados de flores do campo e laçarotes de fita. 
De todas as rosas fico com a de Luxemburgo,  "No meio das trevas, sorrio à vida, como se conhecesse a fórmula mágica que transforma o mal e a tristeza em claridade e em felicidade. Então, procuro uma razão para esta alegria, não a acho e não posso deixar de rir de mim mesma. Creio que a própria vida é o único segredo."

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