domingo, 4 de dezembro de 2011

Ciúme



O ciúme é doloroso, é um sentimento que causa dor a ambos, ao que se enciuma e ao que sofre o efeito da ação enciumada do outro. O ciúme é o processo inverso da auto-identificação na relação de união. 

Para C.G. Jung, o “Ciúme é a falta de Amor” , em Freud, no texto Alguns mecanismos neuróticos no ciúme, na paranóia e no homossexualismo, temos uma distinção de três tipos de ciúmes: o competitivo ou normal, o projetado e o delirante. Freud acerca da projeção do ciúme escreve: 

“O ciúme da segunda camada, o ciúme projetado, deriva-se, tanto nos homens quanto nas mulheres, de sua própria infidelidade concreta na vida real ou de impulsos no sentido dela que sucumbiram à repressão. É fato da experiência cotidiana que a fidelidade, especialmente aquele seu grau exigido pelo matrimônio, só se mantém em face de tentações contínuas. Qualquer pessoa que negue essas tentações em si própria sentirá, não obstante, sua pressão tão fortemente que ficará contente em utilizar um mecanismo inconsciente para mitigar sua situação. Pode obter esse alívio - e, na verdade, a absolvição de sua consciência - se projetar seus próprios impulsos à infidelidade no companheiro a quem deve fidelidade”. (FREUD: 1976, p. 271) 
Uma das canções mais bonitas que fazem referência ao Rio São Francisco é, sem dúvida, “O Ciúme” de Caetano Veloso. 
Jairo Luna em Acerca de "o ciúme de Caetano Veloso"(http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=49635&cat=Artigos&vinda=S), analisa o poema de forma estrutural e acadêmica, eu o analiso de outra  forma, despretensiosa, apenas utilizando o instinto e a sensibilidade, sem nenhuma pretensão,  vejo o autor gritar de maneira apaixonada e dolorosa,  no poema, o ciume pelo Rio São Francisco. Rio que nasce em MG, passa pela Bahia (estado natal do autor) e logo depois  tem  que dividi-lo com Pernambuco. (Juazeiro - BA e Petrolina -PE).  
Dorme o sol à flor do Chico, meio-dia

Tudo esbarra embriagado de seu lume
Dorme ponte, Pernambuco, Rio, Bahia
Só vigia um ponto negro: o meu ciúme
O ciúme lançou sua flecha preta

E acertou no meio exato da garganta
Quem nem alegre nem triste nem poeta
Entre Petrolina e Juazeiro canta
Velho Chico vens de Minas
De onde o oculto do mistério se escondeu

Sei que o levas todo em ti, não me ensinas
E eu sou só, eu só, eu só, eu
Juazeiro, nem te lembras dessa tarde
Petrolina, nem chegaste a perceber
Mas, na voz que canta tudo ainda arde
Tudo é perda, tudo quer buscar, cadê
Tanta gente canta, tanta gente cala
Tantas almas esticadas no curtume
Sobre toda estrada, sobre toda sala
Paira, monstruosa, a sombra do ciúme.




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